Cenário incerto

Enquanto o Brasil anuncia ao mundo a descoberta de gigantesca jazida de petróleo fino na reserva Tupi, localizada na bacia de Santos, a sete mil metros abaixo do nível do mar e sob uma espessa camada de sal, nos centros decisórios mais importantes da indústria petrolífera, um assunto até agora mantido sob o manto da dissimulação passou a ser ventilado sem medo de agravar o recente surto de enxaqueca nos operadores do mercado.

Megaempresários do setor já admitem a idéia de que a quantidade diária de petróleo que pode ser explorada está bastante próxima do limite, podendo atingir o ponto de saturação em 2012 em face do crescimento contínuo da demanda por combustíveis nos países industrializados e, sobretudo, pelas medidas formidáveis requeridas pelo insaciável apetite chinês.

Atualmente, o complexo industrial petrolífero existente no mundo produz 85 milhões de barris por dia, mas dentro de cinco anos no máximo os especialistas estimam que a produção chegará a 100 milhões de barris a cada 24 horas, para cumprir o objetivo de satisfazer as projeções da demanda globalizada.

Na realidade, a expectativa confiante de muitos analistas quanto à improbabilidade da escassez do combustível fóssil, embora se propale o contrário em outros círculos, foi reforçada pelo anúncio da Petrobras de que o campo Tupi, na bacia de Santos, tem o potencial avaliado em oito bilhões de barris, aparentando ser uma das maiores descobertas mundiais dos últimos tempos.

Ao se considerar a extrema profundidade em que se encontram os depósitos, representando um desafio até agora jamais enfrentado pelos técnicos da Petrobras, apesar do domínio da tecnologia da exploração de petróleo em águas profundas, outro problema crucial será o altíssimo dispêndio financeiro para o custeio dos serviços.

Quaisquer que sejam os prognósticos de médio prazo para a indústria de extração e refino de petróleo, não se descarta a necessidade de preparar o cenário para um período de tempo marcado pela falta da disputada commodity. Inclusive com a dinamização do desenvolvimento dos projetos de produção de combustíveis alternativos e o alargamento do espectro atual da matriz energética.

O dilema é que ninguém sabe ao certo o quanto já se consumiu de petróleo no mundo e, pior, não se conhece também o estoque remanescente.

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