O "choque do bem" pode estar se esgotando. Depois de três anos favorecida por uma conjuntura internacional extremamente favorável, a economia brasileira foi atingida nesta semana pelos primeiros sinais de que tempos mais difíceis podem surgir pela frente. Desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, uma rara combinação de juros internacionais extremamente baixos e preços de commodities em alta permitiu que o Brasil realizasse uma espetacular virada nas suas contas externas, duplicando as exportações, alcançando superávits comerciais de mais de US$ 40 bilhões, acumulando reservas superiores a US$ 60 bilhões e zerando a dívida externa líquida do governo central.

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Agora, porém, a inflação nas economias desenvolvidas deu sinais de vida, depois de muitos anos em níveis baixíssimos, e os principais bancos centrais do mundo aumentam suas taxas básicas (ou preparam-se para isso, no caso do japonês), fechando as torneiras da liquidez que inunda o mercado financeiro global. Um cenário de juros mais altos e menor crescimento mundial é menos favorável ao Brasil, e a forma intensa com a qual a turbulência internacional atingiu o País esta semana é sinal de que a economia nacional ainda é vulnerável.

Os analistas, porém, consideram que o País está melhor equipado para resistir às turbulências. "O Brasil sempre cresce mais quando a economia mundial vai melhor e menos quando vai pior, mas agora está muito mais preparado para uma situação mais dura no exterior", diz José Alexandre Scheinkman, economista brasileiro da Universidade de Princeton.

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