O chanceler brasileiro, Celso Amorim, alertou nesta terça-feira (12), em Buenos Aires, que um fracasso das negociações para a abertura do comércio no âmbito da Rodada de Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC), "seria uma tragédia não só para o Brasil ou Argentina, que somos exportadores de alimentos, mas para o sistema de multilateralismo". Amorim manifestou a expectativa de que ocorra algum avanço nas negociações dentro de três ou quatro meses, "para que possamos passar para outras fases".

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Em entrevista coletiva que concedeu à imprensa após se reunir com o chanceler argentino, Jorge Taiana, Amorim disse que, "se os países não conseguirem resolver os problemas multilaterais do comércio, não poderão resolver outras questões graves como a fome na África, o narcotráfico e o terrorismo", por exemplo. Ele fez um apelo para que os países desenvolvidos "tenham um gesto de grandeza", numa referência à negativa dos Estados Unidos, União Européia e Japão em desarmar suas estruturas de subsídios agrícolas, as quais impedem o avanço das negociações de liberalização do comércio.

"É pelo comércio que haverá uma integração saudável. Os poucos bilhões de dólares que significam os subsídios agrícolas não são nada diante dos US$ 50 bilhões anuais que são necessários para implementar as metas do milênio", avaliou o chanceler. Ele argumentou que os subsídios agrícolas atendem interesses específicos de alguns produtores, enquanto que as metas do milênio atendem aos interesses de toda a população.

As metas do milênio foram aprovadas pelas Nações Unidas em setembro de 2000. O Brasil, em conjunto com 191 países membros da ONU, assinou o pacto e estabeleceu um compromisso compartilhado com a sustentabilidade do planeta. Trata-se de um conjunto de 8 grandes objetivos, a serem atingidos pelos países até o ano de 2015, por meio de ações concretas dos governos e da sociedade.

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Para o chanceler argentino, Jorge Taiana, só haverá algum sinal das negociações de Doha em janeiro. "Precisamos esperar até o começo do ano que vem para ver se haverá alguma flexibilidade por parte dos países desenvolvidos", afirmou, completando que a posição do Mercosul será a mesma. O bloco regional mantém sua defesa de proteger seu mercado enquanto não houver abertura dos países desenvolvidos para os produtos agrícolas regionais.