O estado do Ceará celebra hoje os 160 anos de nascimento de Padre Cícero Romão Batista, o Padim Ciço, tido por muitos como santo, especialmente na cidade de Juazeiro do Norte. Nascido na vizinha Crato, filho de um comerciante, Padre Cícero decidiu ser padre aos 12 anos, embora até chegar ao seminário da Prainha o caminho tenha sido longo. A morte do pai atrapalhou seus estudos mas ele acabou realizando o sonho de ser padre.
Em 1872, recém ordenado, ele se mudou para Juazeiro do Norte. Um sonho ou uma visão em que Jesus o mandava cuidar dos pobres retirantes da seca transformou-se na sua missão. Em 1889, porém, um fato até hoje inexplicável custou a carreira sacerdotal de Padre Cícero: durante uma missa, a boca de uma paroquiana, Maria de Araújo, se encheu de sangue quando ela recebeu a comunhão. Como para os católicos a hóstia consagrada é o corpo de Cristo, o povo interpretou o fato como um milagre ? o sangue seria do próprio Jesus. O bispo Dom Joaquim José Vieira mandou investigar o episódio e apesar das muitas testemunhas, negou a ocorrência do milagre, punindo Padre Cícero com a suspensão da ordem.
Proibido de atuar como sacerdote pelo resto da vida, ele abraçou a carreira política, elegeu-se prefeito. Ainda hoje é considerado como o maior benfeitor de Juazeiro e a figura mais importante de sua história. Adepto do lema ?oração e trabalho?, Padre Cícero deu grande impulso ao artesanato sertanejo, que ele via como fonte de renda para os que perdiam tudo na seca e buscavam ajuda em Juazeiro.
Padre Cícero construiu capelas e escolas, e ao morrer, em 1934, aos 90 anos, passou a ser venerado como um santo não só pela população de Juazeiro mas também por mais de dois milhões de peregrinos que a cada ano visitam seu túmulo, na Capela do Socorro.
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