O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) definiu nesta terça-feira (05) a baixa escolaridade dos brasileiros como um dos principais entraves para o crescimento do País. No momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala em "destravar" o País, o conselho pede que a educação seja prioritária e aponta como uma das ações principais uma grande movimentação para acabar com o analfabetismo no Brasil – um programa que já havia sido começado pelo Ministério da Educação, com meta de erradicação até 2007, mas foi desacelerado nos últimos dois anos
O Observatório da Desigualdade, formado por membros do CDES, debruçou-se sobre dados de escolaridade no País e definiu o que já se sabe: o País não terá condições de competitividade com uma escolaridade que alcança apenas sete anos em média, mas chega a apenas 5,6 no Nordeste, 4,2 na zona rural e 4,8 anos entre os 20% mais pobres da população.
Uma das principais recomendações do Conselho é "considerar a persistência do analfabetismo como a maior das iniqüidades e a necessidade de formular uma política para redução imediata". O Ministério da Educação tem hoje uma secretaria que cuida especificamente da escolaridade de jovens e adultos. Criada na época em que o ministro era o senador Cristovam Buarque, a meta inicial era de erradicar o analfabetismo em quatro anos, alfabetizando 5 milhões de adultos a cada ano. A meta foi reduzida significativamente. Até o ano passado, os índices mostravam uma redução de 1,4 milhões de analfabetos no País.
Metas
Os dados levantados pelo Conselho apontam ainda para uma situação persistente: a cada ano, 64 mil jovens completam 15 anos sem saber ler e escrever. Desses, 38% já passaram por alguma escola de ensino fundamental. Uma das sugestões é que o governo passe a ter metas anuais de qualidade. "Sugiro que tenhamos indicadores e metas ano a ano para o próximo mandato. Isso vai nos obrigar a acompanhar o resultado", disse Oded Grajew, um dos conselheiros e ex-assessor especial da Presidência.
O CDES inclui entre os desafios para o próximo mandato, ainda, a universalização da conclusão do Ensino Médio. Hoje, apenas metade dos jovens de 15 a 17 anos estão na escola – e a maioria ainda está no Ensino Fundamental. Também a melhoria da oferta e da qualidade do ensino técnico foi um dos temas tratados. Já o ensino superior, no qual o governo Lula investiu pesadamente com a ampliação do número de universidades públicas, foi citado pela desigualdade de acesso, mas não considerado um desafio. O ministro da Educação, Fernando Haddad, fez uma apresentação sobre as ações do governo e chegou a dizer que, para terem efeito, eles precisam ser ajudados por uma mobilização social – uma das sugestões do CDES.
