Daniele Hypólito será a primeira atleta, desde a criação da Confederação Brasileira de Ginástica, em 1978, a ir para o Tribunal de Justiça Desportiva. Segundo Vicélia Florenzano, presidente da CBG, o tribunal reuniu-se uma única vez, em 1999, para discutir um litígio entre o Grêmio Náutico União e o Flamengo: e o motivo também era Daniele, que após três meses no clube gaúcho decidiu sair. O TJD, no entanto, ainda não foi formado, após a reeleição de Vicélia.
"Começou a nova gestão e nós temos de restabelecer o Tribunal. Mas isso está sendo tratado pelo advogado Cleverson Teixeira e o tribunal estará montado na semana que vem", disse, nesta quinta-feira Vicélia.
O regulamento da confederação prevê advertência, por escrito, à ginasta, mas Vicélia acredita que o Código Brasileiro de Justiça Desportiva tenha penas mais severas . O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Luiz Zveiter, disse nesta quinta que não há punição específica, no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, para abandono de seleção. Mas afirma que Daniele poderá ser suspensa por até 360 dias se for considerado desrespeitoso o seu ato de deixar a seleção por discordar da escalação do técnico Oleg Ostapenko. Daniele poderia ser enquadrada nos artigos 190 e 191 do Código.
O primeiro fala que em suspensão de 30 a 360 dias ao atleta que "se manifestar de forma desrespeitosa ou ofensiva contra ato ou decisão de administração do desporto e da Justiça Desportiva". O segundo prevê que o atleta fique afastado de 30 a 180 dias para quem "deixar de cumprir deliberação, resolução, determinação….." da entidade que cuida do seu esporte.
Daniele, por sua vez, preferiu manter-se em silêncio. A atleta segue treinando no Flamengo e está esperando um comunicado oficial da CBG para tomar alguma providência jurídica.
Segundo o assessor de imprensa de Daniele, ela não ficou surpresa com as declarações de Vicélia, e só procurará um advogado quando receber oficialmente a notícia de que será julgada.