Cavalo encilhado

Ninguém cobre do ministro da Defesa, Nelson Jobim, maior esforço ou exposição midiática de seus constantes deslocamentos Brasil afora, em busca de motivos rentáveis para se afirmar como um dos executores de tarefas mais eficientes do governo. As ações de Jobim, cuidadosamente planejadas e transformadas em eventos públicos retumbantes por eficientes assessores, sem a menor dúvida constituem a nota de maior destaque do governo Lula.

Afastado do Supremo Tribunal Federal (STF) por uma aposentadoria que poderia ter aguardado dez anos – quando o contexto seria absolutamente outro – Jobim tomou a decisão de retornar às lides partidárias com o reingresso no PMDB, pelo qual conquistara o primeiro mandato de deputado federal, à época da Assembléia Nacional Constituinte. Tentou, inclusive, a eleição para a presidência da executiva nacional do partido, sob a bandeira de solidificar ainda mais a já maciça participação do grêmio na base governista.

Com o recrudescimento da crise aérea e a exoneração do ministro Waldir Pires, o nome do ex-presidente do STF para a Defesa foi uma escolha natural de Lula, tendo em vista a inexistência de quaisquer óbices originários do partido à sua nomeação. Por sua vez, rápido no gatilho e sabedor que em cavalo encilhado se deve montar logo, Jobim fez desse embarque no primeiro escalão do governo a oportunidade almejada de demarcar seu território dentro do PMDB e da aliança partidária como virtual candidato à Presidência da República em 2010.

O ministro tem se esforçado no papel de quebrador de galhos que atormentam o governo desde que os negócios da Defesa foram confiados a um civil, algo que o estamento militar superior chega a considerar afronta às funções constitucionais das Forças Armadas. A crise aérea, o problema dos controladores, a remontagem do comando da Infraero e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a reforma dos Aeroportos de Congonhas e Guarulhos e, até, a reformulação dos horários e a extensão dos vôos das companhias de aviação, entre outros embaraços, freqüentam a agenda ministerial, muitas vezes exigindo decisões extremas.

Nesta semana, o ministro da Defesa decidiu se internar nas selvas a fim de conhecer a ação de nossos batalhões de fronteira. E, lá, finalmente descobriu que basta convocar os militares para ajudar a combater o desmatamento da Amazônia. Por favor, ministro, viaje mais!

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo