Em queda desde os primeiros registros censitários, de 1872, a taxa de católicos manteve-se estável no Brasil de 2000 a 2003, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada nesta quarta-feira (2) a uma semana da visita do papa Bento XVI ao País. Após redução de mais de um ponto porcentual por ano de 1991 (83,3%) a 2000 (73,89%), a taxa chegou a 73,79% em 2003. O número absoluto de católicos cresceu de 125,53 milhões em 2000 para 129,76 milhões em 2003, acompanhando o crescimento populacional. O cálculo feito com a população atual e a proporção de 2003 indica que o Brasil teria hoje cerca de 139,24 milhões de católicos.
O estudo mostra que houve queda de 7,4% para 5,1% entre os que se declararam sem religião e que foi mantida a trajetória de crescimento dos evangélicos (pentecostais e tradicionais), que passaram de 16,2% para 17,9% no mesmo período. Os pentecostais representaram 12,49%, e os tradicionais, 5,39%. O mesmo cálculo de projeção indica que haveria hoje 43,64 milhões de evangélicos no País.
Estudiosos atribuem o resultado a "um forte aumento de renda nas classes mais baixas". Há forte presença de católicos em zonas rurais, que foram beneficiadas por programas sociais. Os católicos têm renda média de R$ 2.023, e os evangélicos pentecostais, de R$ 1.496. A média de doações por meio de dízimo entre os pentecostais é de R$ 34 por mês, e de R$ 11 entre os católicos que contribuem.
Uma curiosidade do estudo: a relação entre a população de católicos e evangélicos é de 4,7 para 1, mas o número de pastores é 3,7 vezes maior que o de padres ou freiras. Ou seja, existem 17,9 vezes mais pastores evangélicos por fiéis do que padres por católicos – em 1991, a relação era de um padre para um pastor. A pesquisa também revela que as mulheres são mais religiosas que os homens, porém menos católicas e mais evangélicas. Em 2003, os sem religião eram 3,98% mulheres, e 6 32%, homens. A maior porcentagem dos que se declararam sem religião está concentrada entre pessoas que têm mestrado ou doutorado: 14,76%.