A catadora de latinhas de refrigerantes Tereza de Jesus de Morais, que foi eleita vereadora pelo PPS no último domingo, em Campo Largo, a cerca de 40 quilômetros de Curitiba (PR), conheceu nesta quarta-feira a Câmara Municipal onde vai trabalhar nos próximos quatro anos. “É muito bonito”, elogiou ela, que tinha entrado apenas uma vez na Câmara, durante uma convenção. “Naquele dia não deu para ver direito.” Mas ela não pretende ficar mais do que quatro anos naquela casa. “Onde eu ia vou continuar indo e pedindo votos para a próxima eleição. Quero ser prefeita”, declarou ela.

Prestes a completar 51 anos, Tereza da Latinha, como é conhecida na cidade, vai trocar os cerca de R$ 200,00 que recebe por mês com a venda das latinhas para ganhar em torno de R$ 4 mil. Entre seus planos, está a compra de uma casa, com um vasto quintal, para que seu marido possa plantar e onde seu filho possa brincar. “Se ainda tiver tempo, quero continuar juntando latinhas, mas para ajudar outras pessoas que também precisam”, disse. Entre os projetos está a construção de uma usina de reciclagem de lixo.

A campanha de Tereza foi feita enquanto ela andava pelas ruas em busca das latinhas. “Vote com capricho, não me jogue no lixo”, pedia. E não quer perder essa espontaneidade nem mesmo nas sessões da Câmara. “Se a justiça aceitar eu quero ser a mesma que sou, de chinelinho de dedo e roupa simples, porque não é a roupa que faz o povo”, afirmou. “O povo me elegeu do jeito que eu sou, do jeito que eu sou quero continuar. A não ser que seja obrigatório.”

Como vereadora mais votada, com 2.761 votos, caberá a ela sentar-se à cadeira da presidência da casa no início de 2005 para dar posse aos outros eleitos. “Não faço idéia de como é o trabalho”, confessou. Apesar de nunca ter concorrido a qualquer outro cargo eletivo, Tereza disse que sempre foi apaixonada pela política. Com a terceira série do ensino fundamental concluída, a ex-agricultora resolveu viver da renda advinda das latinhas há oito anos. Na campanha contou com a ajuda de um empresário da região, que lhe forneceu carro, gasolina e a confecção do material de campanha, além de cesta básica. “Não gastei um centavo do meu bolso”, disse
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