Os recursos adquiridos em parte com a construção da avenida Água Espraiada, na capital paulista, foram transferidos ilegalmente por meio eletrônico para a conta chamada "Chanani", no Safra National Bank, em Nova York, que foi aberta pelo doleiro Birigüi e controlada pelo ex-prefeito e ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, disse o promotor Robert Morgenthau. "Este caso representa corrupção e ganância em uma escala colossal", afirmou. Nesta quinta-feira (8) a promotoria de Nova York indiciou Maluf e mais quatro envolvidos no caso.
"Para participar do projeto, as empreiteiras tinham de superfaturar as notas. Então, empresas como Mendes Junior e a construtora OAS enviavam estas notas para a Emurb (Empresa Municipal de Urbanização). Depois do pagamento, as empreiteiras encaminhavam o dinheiro a Paulo Maluf, Flávio Maluf e outros", acrescentou.
Ainda de acordo com Morgenthau, Maluf usou a conta Chanani para transferir recursos para outras contas controladas por ele no banco Safra de NY e para outra conta nas Ilhas Jersey. "Finalmente, parte deste dinheiro foi repatriado para o Brasil usando o doleiro pago por Maluf", afirmou o promotor.
Segundo Morgenthau, o esquema envolveu um projeto orçado em US$ 200 milhões que terminou custando US$ 600 milhões aos brasileiros. Cerca de US$ 26 milhões foram congelados pelas autoridades das Ilhas Jersey. Tanto no Brasil quanto em Nova York as autoridades estão tentando recuperar e/ou repatriar os fundos.
Segundo a Promotoria em Nova York, "parte do dinheiro foi usada para comprar itens pessoais para o benefício de Maluf, nos EUA, como jóias, relógios. Outros fundos da Chanani eram usadas para pagar despesas pessoais e de campanha no Brasil, incluindo a campanha para o governo do Estado, em 1998, e a campanha de 1997 para o sucessor de Maluf na Prefeitura.