O deputado federal Ricardo Berzoini (SP) foi reeleito, em segundo turno, para a presidência da executiva nacional do PT, preterindo na preferência da maioria dos delegados com direito a voto o também representante paulista na Câmara dos Deputados Jilmar Tatto.
Berzoini foi estimulado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a disputar a reeleição, tendo em vista o veto do ex-Campo Majoritário à candidatura do assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. Tatto correu por uma reunião de tendências (PT de Lutas e Massas, Novos Rumos e Movimento PT), na qual os dignitários de maior destaque são a ministra do Turismo, Marta Suplicy, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia.
Uma das linhas defendidas pelo presidente reeleito é a candidatura própria do PT à sucessão de Lula em 2010, com respaldo no argumento insofismável que o partido disputou todas as eleições presidenciais desde a redemocratização e, com a experiência dos oito anos do governo Lula, ?seria absolutamente incongruente não apresentar candidato em 2010?.
A tese é apoiada pelo grupo representado nas eleições internas pelo deputado Jilmar Tatto, que chegou mesmo a reiterar que as tendências colocadas mais ao centro da linha ideológica do PT saíram fortalecidas. E, nesse sentido, a luta desenhada desde já é a concretização da candidatura própria. Sem avançar pelo terreno da especulação, não será surpresa se o grupo apostar a totalidade das fichas que possui na construção da candidatura de Marta Suplicy.
Para o que restou do antigo Campo Majoritário, tendência subordinada ao comando absoluto do ex-ministro José Dirceu, sob o olhar condescendente do companheiro Lula, a escolha do candidato será tarefa bem mais árdua, porque os nomes disponíveis são escassos. Fala-se à boca pequena que as atenções poderão convergir para o ministro Patrus Ananias, o homem do Bolsa Família.
Dessa forma, o PT evitaria marchar em 2010 apoiando outro candidato da base, sejam eles Ciro Gomes (PSB) ou Nelson Jobim (PMDB), pretendentes que iniciam o jogo desfrutando apreciável cacife. Por outro lado, perdeu o gás a simulação prontamente rejeitada pelo petismo de resultados, de integrar uma frente ampla que tivesse Aécio Neves como candidato à Presidência da República. Aguardemos os próximos lances.