O governo não teve força suficiente para impedir a implantação da CPMI dos Correios, que na próxima semana deverá iniciar os trabalhos. O emblema de mais essa derrota de Lula foi o choro do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ao assinar o requerimento e reconhecer que a atitude talvez lhe custe a vaga para pleitear a reeleição em 2006, tendo em vista sua desobediência.
O requerimento rompeu o prazo regimental para a coleta ou cancelamento de assinaturas na noite de quarta-feira, sendo entregue às mesas diretivas do Congresso com a assinatura de 240 deputados e 52 senadores, número bastante superior ao mínimo requerido.
A reação do Planalto quanto à CPMI dos Correios cresceu nas últimas horas antes do esgotamento do prazo, face ao depoimento prestado à Polícia Federal pelo ex-diretor da ECT Maurício Marinho, negando qualquer tipo de envolvimento com o deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, e desmentindo que as cenas gravadas em tape fizessem alusão a qualquer tipo de negociata.
O próprio deputado Roberto Jefferson solicitou a retirada das assinaturas dos deputados petebistas do requerimento, ele também assinara, diante do súbito arrependimento de Marinho. O maço de dinheiro que o servidor da ECT recebeu do interlocutor oculto na gravação do tape, referente a uma consultoria, será encaminhado a obras filantrópicas.
Como o grupo de parlamentares que subscreveu o requerimento da CPMI dos Correios e, por extensão, a sociedade, entendem como improcedente a filantropia feita com dinheiro público, a investigação deverá ir às últimas conseqüências. Doa a quem doer.
