Carta de Tarso ao PT ameniza críticas à corrupção

Depois de muita polêmica e protestos do Campo Majoritário do PT, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, recuou do propósito de atacar com todas as letras a corrupção que atingiu a sigla e abrandou o documento ?Mensagem ao Partido?, na tentativa de ganhar apoio para a construção de outro campo político na cúpula petista. A nova versão não se refere mais à ?crise de corrupção ética e programática? que abalou o PT e passa uma borracha no termo ?refundação?.

O texto ainda aborda a crise do partido e destaca a necessidade de superar a ?hegemonia absoluta de um núcleo dirigente?, mas em tom bem mais ameno. E em nenhum momento cita a corrupção. A mudança ocorreu depois do seminário promovido no fim de semana pelo Campo Majoritário – grupo moderado do PT – em São Roque (SP).

No encontro, petistas protestaram contra o trecho da mensagem que falava de corrupção. Exasperado, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que detesta Tarso, ameaçou revelar todas as doações que ele recebeu quando foi candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Até o vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, conversou com Tarso e pediu-lhe que tratasse o tema de forma mais light, para não dividir mais o partido

O movimento liderado pelo ministro tem o apoio da Democracia Socialista – facção de esquerda no PT -, de intelectuais e até de setores do Campo Majoritário. Depois da divulgação da versão preliminar pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 28 de janeiro, houve recuos na lista de signatários da mensagem

Dos 5 governadores do PT, só Ana Júlia Carepa, do Pará, promete assiná-lo. Marcelo Déda, de Sergipe, disse que dá aval à proposta de reflexão sobre os rumos do PT. Mas avisou que não ficará preso à ?camisa-de-força? das tendências. Jaques Wagner, da Bahia, voltou atrás porque não quer dar a impressão de enfrentamento com Dirceu e o Campo Majoritário, corrente que também o abriga.

Mesmo assim, há adesões de peso, como a da filósofa Marilena Chauí e a do historiador Luiz Felipe de Alencastro. O texto será divulgado sexta-feira em Salvador, na comemoração dos 27 anos do PT e na véspera da reunião do Diretório Nacional.

?Eu considero essa polêmica encerrada?, afirmou Tarso, contrariado com a repercussão ?enviesada?. Para o secretário-geral adjunto do PT, Joaquim Soriano, tirar expressões do texto não significa recuo. ?Nossa mensagem é para iniciar um movimento de longo prazo, com o objetivo de mudar a maioria da direção do PT?, argumentou ele, que integra a DS. ?Não vamos ficar apegados a termos quando o objetivo maior é avançar, agregar forças.

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