Em carta enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios na qual reconhece que "a verdade, muitas vezes, pode parecer ridícula" e fala na "má sorte" que vem "dando durante todo esse ano de 2005", o publicitário Duda Mendonça reitera a versão de que repassou R$ 10 mil ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pagar uma aposta e diz que recebeu em sua conta R$ 19.756,06 da corretora Stockolos Avendis EB Empreendimentos sem conhecer a empresa, "muito menos o seu dono".
A corretora pertence ao doleiro Lúcio Funaro, também um dos fundadores da corretora Guaranhuns Empreendimentos, repassadora de dinheiro do esquema de caixa 2 montado pelo empresário Marcos Valério de Souza e por Delúbio.
Duda diz que a fazenda de sua propriedade no Pará, a Barra Mansa, vendeu 120 bois ao Frigorífico Frigopar por R$ 104.560,00. Os R$ 19.700,00 de Funaro seriam a segunda parcela do pagamento. Ele anexou cópias das duas transferências bancárias, uma do Frigopar e outra "da tal Stockolos a mando do frigorífico".
"A coincidência é incrível, lamentavelmente, mas não tenho nada com isso", diz Duda. Os pagamentos foram feitos na conta pessoal dele na agência do Banco do Brasil em Xinguara (PA).
Sobre a aposta, Duda diz que foi feita "num arroubo de otimismo", quando garantiu a Delúbio que Lula venceria o tucano José Serra no primeiro turno, em 2002 – ele foi marqueteiro de Lula. Duda diz que apostou R$ 10 mil seus contra R$ 1 mil de Delúbio. "Ganhamos a eleição, mas eu perdi a aposta." Duda diz que Delúbio não queria receber o dinheiro: "Ele preferia não receber para continuar rindo de mim." Até que o publicitário fez o depósito na conta do ex-tesoureiro no dia 1º de setembro de 2003. Duda afirma que "muitas pessoas importantes sabem desse episódio", mas que não citaria os nomes "por questão ética".
