Depois de um ano e meio de convívio com uma crise que deve perdurar, iniciada com a descoberta de foco de aftosa no município de Eldorado (MS), o setor de produção de carne suína no Brasil continua sofrendo embargos parciais impostos por 59 países.
Um dos segmentos importantes da pecuária paranaense, da mesma forma que em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a suinocultura teve suas vendas para o mercado externo restringidas drasticamente, com prejuízos imensos para os produtores.
O drama só não foi mais grave para a economia porque no mesmo período houve um forte incremento dos negócios com carne bovina.
A crise da aftosa atingiu em grande medida a pecuária de exportação instalada no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, obrigando os criadores a sacrificar cerca de 41 mil animais, com indenizações no valor de R$ 23,3 milhões, a cargo do Tesouro Nacional.
O governo do Mato Grosso do Sul pleiteia um adendo de R$ 36 milhões para remunerar pecuaristas de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, tendo em vista que o rebanho de 24 mil cabeças foi submetido ao abate sanitário, visando conter a atividade do vírus causador da infecção na área de fronteira seca com o Paraguai.
Mesmo diante da restrição do mercado internacional à carne de origem brasileira, os efeitos foram diferenciados para os exportadores. Enquanto as vendas de carne de porco despencaram 9,5% no período, a carne bovina industrializada e in natura teve um acréscimo de 16,8% em valor e volume, na comparação com os 12 meses anteriores ao anúncio do foco.
Rússia, Egito, Países Baixos, Reino Unido e Itália passaram a comprar volume maior de carne bovina brasileira, embora a União Européia continue proibindo a importação de carne do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Para a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), a explicação para o aumento atual das vendas no exterior reside no fato de o Brasil ser um dos poucos países em condições de suprir a demanda mundial de carne bovina, a partir do redirecionamento da produção.