Carne de pescoço

Reconquistar o Ministério das Cidades na composição do novo ministério parece uma questão de honra para o Partido dos Trabalhadores, que inclusive tem opção preferencial para o posto: a ex-prefeita Marta Suplicy. Ela também está cotada para a Educação, de onde o presidente Lula dificilmente pretende deslocar o atual ministro Fernando Haddad, afinal, um técnico que propiciou ao governo alguns de seus raros êxitos.

O interesse petista pelo Ministério das Cidades poderia estar subordinado a uma visão pragmática. Dentre os ministérios importantes no arcabouço institucional do setor de infra-estrutura, é esse o que possui uma das maiores dotações orçamentárias.

Não é sem razão que o PP, responsável pela indicação do atual ministro Márcio Fortes, substituto de Olívio Dutra, que saiu para disputar o governo do Rio Grande do Sul, faz das tripas coração para manter o afilhado.

O presidente refrescou a cuca no Guarujá e na volta ao Planalto convocou a tropa para conversas separadas em torno do ministério encruado como carne de pescoço. Cada partido terá a chance de reivindicar e apresentar nomes. O último dos chorões será o PT, que não abre mão da indicação de Marta.

O PMDB quer quatro ministérios, um além da cota que possui (Comunicações, Minas e Energia e Saúde). Para a Saúde, o governador Sérgio Cabral Filho (RJ) patrocina a indicação do médico José Gomes Temporão, embora o partido prefira outros nomes, incluindo o paranaense Reinhold Stephanes.

Nos bastidores, o partido se esbofa para conquistar a Integração Nacional, também de recheio orçamentário respeitável. O postulante em cena aberta é o deputado Geddel Vieira Lima (BA), sob efusivos encômios do governador Jaques Wagner.

Os jornais lembraram ontem a redundância da dificuldade presidencial em atender a volúpia do basismo. E, mais grave: amenizar o tormento da dispensa de auxiliares fiéis do período anterior. Especula-se que haverá, por baixo, a substituição de 17 dos 34 ministros para acomodar a situação de nove dos 11 partidos da coalizão. Apenas o PRB (partido do vice José Alencar) e PSC ficariam sem ministros. Haverá cobertor para todos?

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