Carne cordial

São fortes os rumores a respeito da insatisfação recíproca entre os governos do Brasil e da Venezuela, agravada na cúpula do Mercosul em Assunção, onde funcionários da diplomacia venezuelana voltaram a reclamar com acrimônia da ?intromissão? do Senado brasileiro em negócios internos do país.

Como o Senado é a instância final da decisão de autorizar ou não o ingresso oficial da Venezuela no Mercosul, o panorama ficou carregado e o próprio Chávez chegou a proclamar que já pensa no cancelamento do pedido.

Todavia, no setor da pecuária as relações entre os dois países estão em excelente estágio, tendo em vista a liberação da importação de 90 mil caixas de cabeças de gado brasileiro pelo governo da Venezuela.

O entendimento foi perfeito entre os respectivos Ministérios da Agricultura e o gado foi selecionado nas áreas indenes à febre aftosa. A princípio, o governo Chávez exigia laudos laboratoriais de cada animal, mas acabou concordando com os testes feitos por amostragem. Os governos não fizeram referência ao valor financeiro da operação.

A compra de carne bovina brasileira destina-se a respaldar o forte crescimento do consumo de alimentos na Venezuela, que também está importando 90 mil caixas de ovos e 45 mil toneladas de carne avícola da Colômbia.

Não há riscos concretos quanto à interrupção do negócio, porquanto os entendimentos devem ter começado bem antes do mal-estar diplomático. Além disso, Chávez decerto não quer ser responsabilizado pela deficiência alimentar da população.

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