Carne brasileira está embargada por 41 países

Brasília (AE) – O Ministério da Agricultura confirmou hoje que mais dez países embargaram, total ou parcialmente, a importação de carne brasileira devido ao surgimento do foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul. Com isso, sobe para 41 a lista oficial dos clientes que suspenderam suas compras. De acordo com balanço divulgado pelo governo, Bolívia, Cingapura, Egito, Moçambique, Namíbia, Noruega, Paraguai, Peru, Ucrânia e Uruguai confirmaram embargo à carne brasileira. Desde a semana passada, África do Sul, Argentina, Chile, Cuba, Israel, Rússia e os 25 países da União Européia já haviam comunicado a mesma decisão.

Desta lista, o principal importador de carne bovina é a UE, que suspendeu as compras de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, defendeu que o embargo da União Européia seja imposto só ao produto de Mato Grosso do Sul. "De forma técnica, não tem por que manter o embargo ao produto de São Paulo e Paraná", disse.

Outro importante importador, a Rússia, só embargou os produtos de Mato Grosso do Sul, o que foi comemorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um gesto de compreensão do parceiro estratégico. Um acordo permite que, no caso do surgimento de um foco de aftosa, a Rússia embargue a importação de todos os Estados que fazem divisa com aquele onde surgiu a doença.

A Ucrânia bloqueou as compras de carnes produzidas em Mato Grosso do Sul e no Paraná e a Noruega decidiu barrar os embarques do produto originário de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, informou a Secretaria de Relações Internacionais do ministério. Na América do Sul, a Argentina limitou as restrições aos animais, carnes, produtos e subprodutos frescos de espécies suscetíveis à febre aftosa dos municípios da chamada zona tampão (Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã e Mundo Novo). No caso do Peru e Uruguai, a restrição vale para a carne bovina e suína, produtos e subprodutos de todo o Brasil.

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, calculou que o Brasil vende cerca de duas mil toneladas de leite pó por mês para a Argentina. Paraguai e Bolívia suspenderam o comércio de animais suscetíveis à aftosa, produtos e subprodutos de todo Mato Grosso do Sul.

Apesar das restrições, a CNA manteve a expectativa de faturamento de US$ 3 bilhões com as exportações de carne bovina, contra US$ 2,450 bilhões no ano passado. "Não acredito em prejuízo tão grande. Os frigoríficos exportadores são grandes e têm plantas em vários Estados. Eles podem abater os animais em Estados livres de restrição e cumprir os contratos de exportação", disse. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, calcula em 30% o recuo na receita cambial já em outubro.

Nogueira também cobrou do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) uma inspeção no rebanho paraguaio. A região onde foram registrados os focos em Mato Grosso do Sul faz fronteira com o Paraguai e há rumores de que os pecuaristas do país vizinho não aceitaram uma investigação nas fazendas da fronteira. "O Panaftosa tem autonomia para fazer a investigação" disse.

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