Escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), a jurista Carmen Lúcia Antunes Rocha defendeu hoje principal programa social do governo petista, o Fome Zero. Disse, no entanto, que o programa precisa de uma segunda etapa – a de formação de pessoas – e que ela é obrigação de toda a sociedade.

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"A fome dói, é uma indignidade", afirmou a nova ministra do STF, que tomará posse no dia 21 prometendo não usar o juridiquês em suas decisões. "Não se ensina a nadar quem está se afogando. Primeiro, se salva", comentou com jornalistas durante na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. Natural de uma zona pobre do norte do Estado de Minas Gerais, Carmen Lúcia informou que o programa Fome Zero chegou à região.

"Num país como o Brasil, não tem sentido alguém passar fome", disse. Segundo ela, a etapa seguinte ao programa Fome Zero seria investir na formação das pessoas para que elas tenham a capacidade de desenvolver funções produtivas. "Mas não é um problema só do governo. É de todos nós", afirmou. "Eu devo muito mais porque tive muito mais", disse a nova ministra do STF que, entre outros trabalhos sociais, ajuda um orfanato na cidade mineira de Montes Claros.

Além de dar continuidade ao trabalho social, Carmen Lúcia espera lutar contra a exclusão jurídica que afeta principalmente as camadas menos favorecidas da sociedade. "Ainda há os excluídos do direito", constatou. Para combater a exclusão, usará linguagem acessível à população em geral em suas decisões. "Toda vez que eu der um voto vou pensar se a dona Joana, de Espinosa (sua cidade natal), entenderá", contou a ministra.

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Indagada sobre as suas opiniões a respeito da reeleição, a ministra reconheceu que esse instituto não faz parte da tradição brasileira. Mas disse que ele é adotado em outros países sem problemas e que, por causa disso, é necessário observar como ele se desenvolve no País. "O que temos de observar sempre é se o instituto tem permitido ou não abusos", afirmou.