“O BNDES não opera como uma padaria”, afirmou hoje (2) o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Carlos Lessa. Mesmo quando tenta amenizar as divergências de discurso com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, Lessa endossa a polêmica existente entre os dois. Hoje (2), ao sair de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lessa negou que haja desentendimento entre ambos, mas não deixou de responder ao ministro Furlan, que, no dia anterior criticou a demora na análise e aprovação de projetos enviados ao BNDES.

“A pressa é inimiga da perfeição e tudo envolve muito dinheiro”, alfinetou Lessa, lembrando que a demora na liberação dos projetos “não é por causa de burocracia, é obrigação”. E ironizou: “por isso o BNDES pouquíssimas vezes foi visitado pelos escândalos”.

O presidente do BNDES tentou convencer os jornalistas de que ele e Furlan têm o mesmo discurso. “Não há divergência, é que ele fala com um estilo, eu falo em outro. A diferença não é de conteúdo, é de forma. Ele fala com o paletó abotoado, eu falo com o paletó aberto, eu sou carioca, ele é paulista”, desabafou. “Vocês (jornalistas) buscam o tempo todo divergências com tudo. Mas é claro que sempre encontrarão divergências entre os discurso de A, com B, com C e com D”, declarou ele, ao acrescentar que “se todo mundo fizesse o mesmo discurso, o mundo seria de uma monotonia total”.

Para ele, “a maledicência é que ficam o tempo inteiro procurando isso (polêmica), e isso não é relevante”. Segundo Lessa, Furlan tem adotado um comportamento normal no sentido de pedir informações sobre o andamento de projetos do banco. “Eu também faço isso com meus funcionários do BNDES. Não tem problema nenhum nisso”, disse Lessa.

Ele insistiu que os estudos dos projetos têm de ser bem detalhados porque “o BNDES não opera como uma padaria, trabalha com grandes projetos e é preciso ter muito cuidado”. Para ele, o cuidado é fundamental porque “o dinheiro do BNDES é sagrado”. E acentuou: “é o dinheiro do trabalhador e eu administro isso como cão fila”.

Na opinião de Lessa, “não existe elemento de discórdia ou atrito e sim coerência para que as coisas dêem certo”. Ele reclamou ainda que os jornalistas não questionam sobre os feitos do banco. “Se for feita uma estatística do que vocês me perguntam desde que assumi o cargo, 60% é Varig e os outros 40% são com uma tentativa brutal de procurar conflito, ao invés de procurar o que eu posso dar a vocês, que são informações objetivas de que a economia tá funcionando, o que está indo bem, o que não está indo. É só urubuzada”, desabafou ele, concluindo que “todo o País deveria ter orgulho do BNDES, ele deu o maior lucro da história, de R$ 1,4 bilhão”.

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