A advogada Carla Prinzivalli Cepollina e seu defensor, Antônio Carlos de Carvalho Pinto, negaram ontem que ela tenha tentado enganar a polícia, entregando à perícia roupas diferentes da que vestia no dia do assassinato do coronel Ubiratan Guimarães. Ele, porém, admitiu que Carla pode ter entregue a jaqueta errada, por ‘simples equívoco’.
"Ela tem quatro peças iguais, e pode ter se enganado", disse. "Só agora, depois de um mês e do resultado do laudo divulgado, ela lembrou que entregou a peça errada? Será que é tão ingênua assim?", rebateu um policial do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que não quis se identificar.
Para Carla, o processo está todo errado. "Já saíram do velório achando que era eu", disse. "A polícia não tem nada, não vai ter nada e não tinha nada quando me indiciou." Sobre a blusa branca que, segundo a polícia, ela vestia no dia do crime – a advogada entregou à perícia uma peça preta – Carla afirmou que suas costas é que aparecem nas imagens registradas pela câmera da garagem do prédio onde mora.
Carla disse que sua dor e sua privacidade não vêm sendo respeitadas e afirmou que denúncias feitas à polícia foram ignoradas. A advogada afirmou que há fatos estranhos no inquérito, como depoimentos de vizinhos idênticos até nas vírgulas.
"Agora vou me defender, e depois, acionar todo mundo", afirmou Carla. "Minha empregada disse que podia ter mancha de molho de macarrão (na roupa que ela usava no dia do crime). Agora vou ser culpada por comer salsicha com molho? Eu cooperei, fui, acompanhei essa busca e apreensão ridícula onde levaram até pomada para picada de inseto, mas não vou ser massacrada.
A advogada Liliana Prinzivalli, mãe de Carla, também criticou o trabalho da polícia. "Só investigaram minha filha. Não abriram nenhuma linha alternativa", afirmou em entrevista ontem ao jornal O Estado de S. Paulo. Ela disse que os próprios filhos do coronel, além de seus correligionários, deveriam ser investigados.
Liliana negou que a filha fosse ciumenta. "Certa vez, uma moça deu um guardanapo a Ubiratan com marca de batom. Ele quis jogar fora, mas Carla sugeriu que ele guardasse como um troféu." Ela argumentou também que a filha não sabia de relacionamentos de Ubiratan com outras mulheres.