A advogada Carla Cepollina, de 40 anos, apontada pela polícia como a principal suspeita pela morte do namorado, o coronel Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro no último dia 9, em seu apartamento em São Paulo, presta depoimento pela quarta vez no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Na primeira parte do depoimento Carla voltou a negar a participação no crime, como já havia feito nos depoimentos anteriores – um informal e dois formais -, de acordo com o promotor que acompanha o caso, Luiz Fernando Vaggione.

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Segundo Vaggione, Carla se mantém tranqüila e está acompanha da mãe, a também advogada Liliana Prinzivalli, e do advogado criminalista Antonio Carlos de Carvalho Pinto, que assumiu o caso. Depois do fim do depoimento, Carla deve ser indiciada, acusada formalmente, por homicídio doloso duplamente qualificado (assassinato cometido por motivo fútil e sem oferecer chance de defesa à vítima). De acordo com Vaggione, o Ministério Público ainda não considera necessária a prisão da advogada.

De acordo com a reportagem da Rádio Eldorado AM, o promotor declarou ainda que o principal objetivo do depoimento de hoje é comparar as declarações anteriores de Carla aos resultados obtidos pela perícia. Liliana, mãe de Carla, também entregou uma pasta com vários documentos, cujo teor não foi detalhado por Vaggione.

O advogado Vicente Cascione, que representa a família de Ubiratan, comentou no local que o fato de Carla não assumir o crime deve contribuir para que a situação dela se complique ainda mais. "O indiciamento dela já deveria ter sido feito na semana passada", afirmou Cascione.

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Indícios

O DHPP chegou a encontrar indícios contra Carla ao confrontar as ligações feitas e recebidas pelo telefone fixo do coronel Ubiratan. Segundo o DHPP, a última ligação para ele foi feita às 20h26 do dia 9 por uma amiga, a delegada da Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos Madi.

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Policiais do DHPP apuraram que Carla ainda estava no apartamento do coronel e atendeu à ligação. Para o DHPP, naquele horário Ubiratan já tinha sido assassinado, porque moradores do prédio declararam à polícia que ouviram o tiro que o matou entre 19 horas e 19h30.

Um teste acústico realizado no sábado à noite no prédio onde o coronel morava, na Rua José Maria Lisboa, constatou que o tiro poderia ser ouvido por vizinhos, o que aconteceu de acordo com depoimentos de alguns moradores.

Para o deputado federal Vicente Cascione, advogado dos filhos de Ubiratan, Carla é a única suspeita pelo assassinato do coronel: ?Desde o início venho dizendo que ela é 100% suspeita?, afirmou o parlamentar, que acompanhou o teste da perícia feito no sábado.

Inocência

Ontem, Carla, que nega a autoria do crime com a alegação de que não teria motivos para matar o namorado, voltou a se defender das acusações e declarou ser inocente em entrevista concedida ao Fantástico, na TV Globo. "Você não mata uma pessoa que você gosta, que você se dá bem, que você tem um relacionamento sólido. A duas semanas da eleição com a eleição ganha, com planos para o futuro", declarou. "Eu gostava de ficar com ele".

Ela afirma que, quando deixou o apartamento do namorado Ubiratan ele estava vivo e dormindo, na noite do dia 9. "A polícia está naturalmente sendo pressionada e tem que achar um culpado e a impressão que eu tenho é que para a imprensa e para algumas pessoas da polícia esse é o pato da vez", declarou. "Eu tenho que justificar o que eu não fiz. Eles não têm que provar que eu sou culpada. Eu que tenho que provar que sou inocente, está tudo invertido".