A máquina administrativa da União comporta-se como um ogro de apetite insaciável quando se trata de propugnar a absorção de servidores. De acordo com a proposta orçamentária que mandou ao Congresso, o governo prevê a criação de 28.979 cargos para reforçar uma rede caracterizada necessariamente não pela falta, mas pelo excesso de funcionários públicos.

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O número final de novos empregados colimado pela União é de 56.348, tendo em vista o preenchimento das vagas abertas pelo afastamento do serviço em função de aposentadoria, ou motivos diversos.

Para início de conversa, caso a pretensão venha a ser aprovada pelos congressistas e, tudo indica que não haverá empecilhos além da burocrática resistência da oposição, estamos diante de mais um ato de extrema insensibilidade social do governo, sobretudo diante da falta de solução para o gravíssimo problema do desemprego.

A situação torna-se ainda mais condenável para um governo que, na mesma proposta orçamentária, liquida de uma vez por todas com o Programa do Primeiro Emprego, à vista dos pífios resultados obtidos até agora, em termos de incentivo para a abertura de oportunidades para os jovens.

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A contratação de 56 mil servidores vai custar aos cofres da União a bagatela anual de até R$ 3,495 bilhões, na medida em que os ingressos forem sendo efetivados na estrutura funcional. O Executivo deve absorver 40.032 servidores, o Judiciário, 12.604, o Ministério Público da União, 2.295, e o Legislativo, 1.417.

Também não houve surpresa quando se explanou que nem todos os novos empregados do governo federal terão o ingresso referendado por concurso público, porque a medida passaria a ser considerada indesejável pelo encalacrado sistema de nomeações por interesses políticos pessoais ou grupais.

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Por incrível que pareça, ao justificar a benevolência duvidosa, o presidente Lula respaldou-se no esgarçado apelo da ?recomposição da forma de trabalho do Poder Executivo nas áreas de atuação estratégica, como segurança pública, saúde, educação, políticas públicas e gestão governamental?.

Em 2008, o governo federal gastará R$ 130,8 bilhões com a folha de pagamento, cujo ritmo de crescimento é maior que o do PIB.