O cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, afirmou, nesta terça-feira, ao comentar a declaração aprovada pela assembléia-geral da CNBB sobre ética e direito à vida, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o dever de não assinar ou vetar qualquer medida que atente contra a vida humana.
O bispo se referiu à promessa de Lula, feita em carta enviada aos bispos na abertura do encontro, na qual ele lembrou sua formação cristã e prometeu não tomar nenhuma iniciativa que atentasse ou contrariasse os princípios e direitos da vida humana.
Cobrança
O cardeal disse que a igreja católica vai insistir na cobrança da palavra do presidente e, para isso, o presidente da CNBB, Dom Geraldo Majella Agnelo, aproveitará uma audiência com o presidente em Brasília, provavelmente na próxima semana, para reiterar a posição dos bispos. Vai entregar a Lula uma cópia da declaração aprovada hoje e da declaração final da assembléia, a ser divulgada nesta quinta-feira, que também fará referência à defesa da vida humana.
Positivos e negativos
Segundo Hummes, existe hoje um clamor do povo, "daqueles que votaram em Lula", porque muita promessas feitas em campanha não foram concretizadas, como o resgate social, o combate à fome e à miséria. O cardeal reconhece, no entanto, que há pontos positivos, como a consolidação da democracia e o sucesso de alguns programas emergenciais, como o Bolsa-Família, que, no entanto, "não passa de transferência de renda, como se fosse um auxílio ou esmola".
Outra conquista que os bispos viram neste governo é que existe o reconhecimento internacional do Brasil e que o País está política e economicamente bem encaminhado.
"Não pode haver um retrocesso, por isso devem ser apuradas todas as denúncias para que os culpados sejam punidos e afastados. O povo brasileiro é maior do que a crise e maior que o governo, e não pode perder a esperança. Sem prejuízo da apuração das denúncias de corrupção, esse povo quer continuar trabalhando e avançando para o futuro", disse.
Quanto à reeleição de Lula, o cardeal de São Paulo disse que nem o presidente, a essa altura, deve saber se deve se candidatar a um novo mandato. "Esta é uma decisão a ser tomada pelo presidente, porque, a essa altura será difícil decidir não só se deve se candidatar, como também será difícil conseguir a reeleição", analisou. Para o cardeal, Lula é um homem sério e deve estar fazendo uma avaliação cuidadosa.
