Em apenas um mês, a Central de Transplantes do Paraná (CET) conseguiu mais de cem captações no Estado. Até o final de agosto, o número de captações de órgãos e tecidos foi de 531, e no final de setembro este número subiu para 638, um acréscimo de 107 captações e um aumento de 16,77% no total de transplantes no Paraná. Segundo o secretário da Saúde, Cláudio Xavier, um dos motivos desse aumento foi a captação de córneas, que saltou de 348 em agosto para 420 no final de setembro.
Desde março deste ano, uma portaria do Governo do Estado autorizou o funcionamento de dois bancos de tecidos oculares humanos, mais conhecidos como Bancos de Olhos, em Cascavel e outro no Hospital de Clínicas em Curitiba. Isto contribuiu para diminuir, em um mês, a fila de pessoas que esperam transplante de córnea de 1.615 pessoas em agosto para 1.593 no final de setembro.
?Ficamos contentes com este crescimento, pois desde o ano passado estamos nos mobilizando para aumentar a captação de órgãos e tecidos?, afirmou Cláudio Xavier. Outro fator importante que contribuiu para o crescimento da captação de órgãos e tecidos para transplante foi a resolução 318/2006 da Secretaria da Saúde, que tornou obrigatória para os hospitais com mais de oitenta leitos a notificação às autoridades de saúde de internamentos de pacientes com cinco enfermidades: traumatismo cranioencefálico (traumas de acidentes), acidente vascular cerebral (em duas formas, isquêmico ? com falta de fluxo de sangue no cérebro – ou hemorrágica ? com rompimento de um vaso sangüíneo), tumor cerebral primário e encefalopatia (ocasionada por falta de oxigenação cerebral).
Os internamentos de todos os pacientes em UTIs com um destes cinco diagnósticos devem ser comunicados às Centrais de Transplantes de Curitiba, Londrina, Maringá ou Cascavel, com data e hora. Também a morte dos pacientes deve ser comunicada. ?Comparamos os óbitos notificados no plantão das centrais de transplante com o comunicado do hospital. Se houve óbito e não foi comunicado, temos como checar e fazer o controle?¸ observou a enfermeira Vera Sílvia Drechmer, da Central de Transplantes do Paraná.
Este serviço foi implantado em fevereiro e deu resultados muito positivos. Aumentou tanto o número de comunicações de internamento com os cinco diagnósticos como o de notificações de óbitos para o plantão. ?Isto significa que o número de comunicações aumentou consideravelmente?, declarou o diretor da Central de Transplantes do Paraná, Carlos d?Ávila. O objetivo desse programa é monitorar as Notificações de Morte Encefálica. Essas medidas já elevaram em 25% as comunicações de morte encefálica.
A Secretaria também desenvolve ações na busca de órgãos para transplante. Uma delas é a concretização da resolução que autoriza o funcionamento da Organização de Procura de Órgãos (OPOs). A implantação da primeira unidade está sendo preparada, para atuar em Curitiba e na Região Metropolitana. A OPO é um mecanismo auxiliar para efetuar a busca ativa nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e hospitais de potenciais doadores de órgãos e tecidos.
O esclarecimento sobre doação de órgãos e tecidos para transplantes é um trabalho permanente da Central de Transplantes do Paraná. Tanto mais que, segundo dados da Central, 4.912 pessoas estão na fila de espera para o transplante de algum órgão. A maior fila é a do rim, com 2.654 pessoas aguardando, seguida pela das córneas, com 1.593 pessoas. Em 2004 foram realizados 991 transplantes. Em 2005 foram 819 e até o final de setembro de 2006 já foram feitos 638 transplantes de órgãos.
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