O padre Gustavo Henrique Pereira Filho, capelão do Palácio Iguaçu, morreu nesta quarta-feira (19) por volta das 23 horas, no Hospital do Cajuru, em Curitiba, vítima de insuficiência respiratória. Seu corpo foi velado na Igreja do Rosário, na Praça Garibaldi, e o sepultamento ocorreu às 16 horas desta quinta-feira (20), no Cemitério Parque Iguaçu.
Conhecido como o ?padre dos três poderes?, padre Gustavo tinha 95 anos e estava há 35 anos em Curitiba, onde sua participação junto aos universitários durante o regime militar foi marcante e decisiva. Ele sempre lutou pela democracia. ?Só que suas armas foram o amor, o conhecimento, a tolerância e a fraternidade?, disse o vice-governador Orlando Pessuti, que considerava o padre Gustavo seu orientador religioso e político.
Nascido em Santa Maria (RS) e filho de portugueses, padre Gustavo era o único homem numa família de cinco filhos. Mesmo revelando uma forte vocação para o sacerdócio desde a infância, foi forçado pelo pai a cursar Medicina, profissão que abandonaria após a morte dele. Foi quando sentiu livre para seguir o caminho de sua vocação.
Depois de concluir o seminário no Rio Grande do Sul, ele chegou em Curitiba no início da década de 60 para atuar junto aos estudantes da Universidade Federal do Paraná, onde os liderou em muitas manifestações por direitos políticos e pela participação mais ampla e democrática deles na discussão dos rumos da universidade. Sempre teve muito carinho com os jovens e usou de sua experiência e conhecimento humano para orientá-los, porque entendia que ?a força sem entendimento é veleidade pura?.
Padre Gustavo se destacou na ?Greve do Terço?, ocorrida em plena ditadura militar, quando os estudantes exigiam maior participação no Conselho Universitário. O movimento resultou no enquadramento de 35 manifestantes na Lei de Segurança Nacional. Ele saiu em defesa dos estudantes e acabou conhecido pelos políticos da época, entre os quais o ex-governador José Richa. Padre Gustavo celebrou o casamento do ex-governador e batizou todos os seus filhos. Mais tarde, celebrou o casamento de Beto Richa, atual prefeito de Curitiba. Foi o próprio José Richa que o tornou capelão do Palácio Iguaçu há cerca de 30 anos.
Algo semelhante também ocorreu entre o padre e o então presidente da Casa dos Estudantes Universitários (CEU) na década de 70, o estudante de Agronomia Orlando Pessuti. Gustavo foi o responsável pelo casamento de Pessuti e mais tarde também batizou seus três filhos. Foi nessa época que Gustavo também conheceu o estudante de Direito e Jornalismo Roberto Requião, hoje governador do Estado
Padre Gustavo acumulava a função de capelão do Palácio Iguaçu, da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Justiça.
