Com a entrada oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, os 124,6 milhões de eleitores brasileiros vão decidir entre oito candidatos à Presidência, em uma campanha marcada pela falta de nomes populares, com exceção do próprio petista. Nas pesquisas eleitorais, Lula tem a confortável posição de quase 30 pontos percentuais à frente do candidato do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin. Até os adversários reconhecem que o tucano é o único com potencial para vencer Lula. O papel dos demais será tentar forçar a realização de segundo turno, além de consolidar seus nomes para o futuro
Depois de quatro campanhas presidenciais por onde passaram políticos de peso como Mário Covas, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola e Paulo Maluf, esta deverá ser a disputa menos empolgante desde a redemocratização, na previsão de políticos experientes. "O campo de 2010 está sendo adubado: José Serra, Aécio Neves, Alckmin candidato à reeleição, Ciro Gomes, alguém do PFL", diz o prefeito do Rio, o pefelista César Maia, cumprindo o tradicional otimismo de que o tucano sairá vencedor
A eleição de 2002, que registrou o menor número de candidatos a presidente desde 1989, teve políticos conhecidos como Serra, Ciro e o ex-governador do Rio Anthony Garotinho. Neste ano, Serra concorre ao governo de São Paulo. Ciro, aliado de Lula, optou por puxar votos para o PSB como candidato a deputado no Ceará, e Garotinho foi preterido pelo PMDB
Agora, Garotinho conta com o lançamento de Rogério Vargas, do PSC, para ter voz na campanha. "É uma candidatura-ventríloquo sem escrúpulo com a prática partidária", ataca o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), ex-petista como a candidata à Presidência pelo novo partido, senadora Heloísa Helena (AL)
Depois de duas candidaturas a presidente (1989 e 1994) e uma a vice (1998) – sempre com Leonel Brizola, morto há dois anos -, o PDT volta à disputa com o senador Cristovam Buarque (DF), ex-petista. "A marca desta campanha é já começar polarizada, entre Lula e Alckmin. Mas terá duas candidaturas que, mesmo sem viabilidade eleitoral, darão um colorido à disputa. A senadora Heloísa Helena e o senador Cristovam Buarque são nomes de expressão e vão colocar suas críticas", diz o deputado tucano Alberto Goldman (SP)
Chico Alencar classifica candidaturas de partidos nanicos como PSDC e PSL – respectivamente com José Maria Eymael e Luciano Bivar – de "personalistas, egotrip de três meses". O PCO, que concorre pela segunda vez seguida com Rui Pimenta, Chico chama de "ONG de ultra-esquerda". No site do partido, Pimenta critica: "Ao invés de ser uma alternativa revolucionária ao PT para as massas operárias, o PSOL é uma variante burguesa da política petista, organizada em oposição às tendências de evolução revolucionária de determinados setores da classe operária e, acima de tudo, da esquerda pequeno-burguesa.
Para o deputado Paulo Delgado (PT-MG), falta nesta eleição candidato que represente o pensamento de direita, como foram no passado, segundo ele, Guilherme Afif Domingos e Aureliano Chaves. "Não tem um candidato que reúna PP, PTB, PFL. A Heloísa Helena é a candidatura do PT original, oposicionista, do voto contra o governo", afirma
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), aliado de Lula rejeita a tese da falta de brilho dos candidatos. "As eleições são feitas para as pessoas se tornarem conhecidas. Não concordo que não haja grandes nomes, além do presidente. Um governador de São Paulo, eleito duas vezes, não é um grande nome? Dois senadores da República não são grandes nomes?
Analista cuidadoso de pesquisas e tendências eleitorais, César Maia lembra que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá de se manifestar sobre a candidatura do nanico Rogério Vargas. Se Garotinho foi autorizado a participar do programa eleitoral do PSC, o prefeito acredita que poderá render ao candidato "uns 2 pontos decisivos". Maia alerta para o efeito do novo nulo. "Se o eleitor não quiser Lula nem Alckmin, não escolher um dos demais candidatos e anular o voto, Lula será beneficiado, pois diminui a porcentagem para ganhar no primeiro turno.