O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, sugeriu neste sábado (22) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está por trás do esquema de contratação do dossiê contra tucanos. Para o ex-governador paulista, Jorge Lorenzetti, apontado pela Polícia Federal como responsável pela compra do dossiê, é apenas "bode expiatório". "Na realidade, o Lorenzetti é um bode expiatório. Isso aí é muito mais amplo, muito mais grave", afirmou Alckmin ao chegar a Florianópolis (SC) no meio da tarde.
"Já estamos no 36º dia e não tem explicação a origem do dinheiro. R$ 1,75 milhão em dólares e reais provavelmente originários da corrupção envolvendo o presidente da República", prosseguiu o tucano.
Ao lado do governador reeleito de Minas, Aécio Neves (PSDB), e do candidato ao governo de Santa Catarina pelo PMDB, Luiz Henrique da Silveira, Alckmin disse ainda que seu oponente "sacrifica os amigos para salvar" a própria pele. "Isso aconteceu em todos os escândalos. Esse não é o primeiro. É uma maneira de agir que eu entendo que está errada. O presidente sempre posa de santinho. Não sabe de nada, não viu nada. Os amigos é quem são os mauzinhos", anotou.
Na avaliação de Alckmin, "há desmando no governo federal, no Palácio do Planalto, onde os fins justificam os meios". Em queda nas pesquisas, o candidato tucano contou com o apoio de Aécio, que disse que a eleição ainda não está resolvida. Para uma platéia de cerca de mil pessoas, o governador de Minas disse que o Brasil não pode continuar "assistindo desmando, irresponsabilidade e corrupção do governo federal".
Chuveirada
Em frente ao Clube XII de Agosto, onde o PSDB organizou um comício conjunto com o PMDB de Luiz Henrique hoje, um grupo de tucanos fez um protesto bem-humorado, pegando carona no escândalo do dossiê Vedoin. Cerca de 16 jovens esperaram Alckmin com duchas Lorenzetti nas mãos.
Antes de fazer campanha em Santa Catarina, Alckmin passou por outros três municípios catarinenses: Joinville, São Bento do Sul e Timbó. Em Joinville, onde Luiz Henrique foi prefeito, acusou Lula e "seus companheiros petistas" de debocharem da sociedade brasileira. "É claro que todos eles (assessores e petistas envolvidos no escândalo do dossiê Vedoin) sabem a origem do dinheiro. É que talvez seja pior falar a verdade do que esconder. É óbvio que todos sabem e estão debochando do povo", afirmou Alckmin ao chegar ao município catarinense.
Ao ser indagando se o não esclarecimento dos fatos até a eleição no domingo, poderá fazer com que o pleito termine sob suspeição Alckmin afirmou: "Espero que isso não ocorra. É uma coisa muito grave, é crime e envolve uma fortuna de dinheiro. Estão surgindo fatos novos e espero que seja esclarecido rapidamente.
Alckmin classificou como "grave" o fato de o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, ter telefonado para Lorenzetti no dia da prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos com R$ 1,75 milhão em um hotel em São Paulo."O secretário particular do Lula já ligou antes (de o nome de Lorenzetti surgir) para saber (detalhes da prisão). Estão escondendo a verdade. É mentira, omissão e conivência", afirmou.
O tucano também avaliou que o fato de o ex-ministro José Dirceu ter telefonado para Lorenzetti em meio às investigações do caso do dossiê Vedoin revela que Dirceu ainda participa ativamente do governo Lula. "É óbvio (que o ex-ministro ainda tem ingerência no governo). Quem mandava no governo Lula? O primeiro-ministro era ele." Em seguida, o tucano advertiu, porém, que cabe à polícia investigar o grau de envolvimento do ex-ministro no caso.
A uma semana da disputa presidencial, Alckmin não demonstrou abatimento, apesar de Lula ter ampliado vantagem sobre ele, segundo as mais recentes pesquisas. Voltou a afirmar que o que vale não são as pesquisas, mas sim o resultado de domingo. "Pesquisa a gente não briga com ela. O que vale é o dia 29. Somos da chegada", disse.
Sobre a reportagem da revista Veja, que chega neste sábado às bancas, e na qual mostra suposto tráfico de influência do filho de Lula, Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, junto a empresas privadas, Alckmin limitou-se a dizer que ainda não havia lido a reportagem.