Em comício realizado ontem à noite, no Bairro Siqueira Campos, em Aracaju, que reuniu cerca de 20 mil pessoas, de acordo com a organização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar o antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e seus companheiros da "direita" e da "elite".

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Lula dividiu o palanque com dois petistas alagoanos – Marcelo Déda, candidato a governador, e José Eduardo Dutra, candidato ao Senado – e criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a carta aberta divulgada na semana passada por ele, mas disparou ataques também ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen, candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin, ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e ao governador de Sergipe, João Alves (PFL).

Ao se queixar das críticas dos adversários e das denúncias que abalaram seu governo o presidente Lula lembrou que o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, defendeu que era preciso prolongar a crise política para poder derrotar o PT. "Eu já não agüento mais um ano e meio de mentiras, calúnias e difamações", reclamou.

"O chefe da direita disse que era preciso fazer o Lula sangrar até a última gota de sangue para ele chegar na eleição debilitado. Mas eles só não sabiam que tinha sido inventada a transfusão (de sangue). Eu fiz transfusão com o povo brasileiro, tirei um pouquinho de sangue de cada e estou aqui de novo.

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Citando expressamente Fernando Henrique, disse que o País tem uma elite que não sabe viver na democracia. ?Como o ex-presidente fica nervoso, como ele fala, como ele me ofende. Eu fico em casa com a Marisa lendo umas cartas", ironizou, esbravejando.

"Minha mãe dizia que não é a escola que educa as pessoas. A educação se aprende de berço. Ele tem razão para ter bronca de mim. Por que um torneiro mecânico tem que ser presidente? Não ´tava´ escrito, caramba. Que livro que esse Lula leu que eu não li? Ele pode entender mais de sociologia do que eu, mas não da alma do povo?.

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Lula iniciou os ataques às elites, citando o governador de Sergipe, João Alves, do PFL, concentrando as críticas à polêmica sobre o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Afirmou que ?não tem duas caras? como seu antecessor, que na Bahia, dizia que era contra e em Pernambuco, a favor do projeto. Segundo Lula, a situação do rio, hoje, é fruto da ?irresponsabilidade? dos seus governantes.

?Não posso crer que o povo vai deixar de acreditar em você e em mim para acreditar em João Alves e no Antonio Carlos Magalhães. Ele (João Alves) deveria ir aos esgotos que eles jogam no Rio São Francisco. Ele poderia ir a Pirapora, em Minas Gerais, para ver que os falsos defensores (do rio), não cansam e não param de jogar fezes e detritos no São Francisco, e quando chega época de eleições, se arvoram em defensores do rio.

E acrescentou: ?O atual governador deste Estado, foi esta semana no Rio São Francisco mostrar que o rio está assoreado e que está acabando, deveria ter ido em outros rios, no Rio Sergipe, que é da responsabilidade dele. Deveria ter ido e ficado de cueca lá?.

O presidente Lula se queixou ainda de os governadores e prefeitos usarem dinheiro do governo federal para comprar equipamentos e realizarem obra sem atribuí-las ao governo federal. ?Estou cansado de fazer as coisas e os governadores tirarem fotos lá. Eu faço e eles tiram fotos?, esbravejou, avisando que, ?para cuidar do povo pobre não precisa de governador? porque tem relação direta com o povo.

Em seguida, passou a fazer promessas: ?Eu quero passar para a História como o presidente que apagou o último candeeiro deste País, colocando luz na casa das pessoas. Eu vou fazer uma revolução no nordeste.

Lula, que está percorrendo seis cidades neste fim de semana, anunciou que até o dia 27 de setembro vai visitar os Estados onde os candidatos estão com mais dificuldade.

?Aqui a situação do Deda (candidato ao governo que está um pouco à frente nas pesquisas em relação a João Alves) é boa. Mas tenho outro companheiro, que foi um dos melhores senadores, o único que teve coragem de enfrentar o ACM e bater boca de igual pra igual com ele?, afirmou Lula, ao comentar que a mulher de João Alves, a pefelista Maria do Carmo, concorria com José Eduardo Dutra, do PT, à uma vaga no Senado.

?Agüentar um já é difícil, que dirá agüentar dois?, completou Lula, que falou durante 40 minutos e encerrou seu discurso perto da meia-noite. Depois do comício, Lula se reuniu com 28 prefeitos do Estado, inclusive representantes do PFL e PSDB. Neste sábado pela manhã, Lula embarca para mais uma maratona de viagens, percorrendo João Pessoa, Feira de Santana e Salvador. Domingo ele estará em Belém.