Fernanda Rena tem 29 anos e, há um ano, está inscrita no Registro Nacional dos Doadores de Medula Óssea (Redome). "Às vezes, as pessoas não querem doar, porque acham que pode doer ou porque acha que não têm tempo, mas são impedimentos muito pequenos quando se compara com o drama que uma pessoa está vivendo.
A doação faz a diferença entre a vida e a morte dela, e às vezes a pessoa não entra no cadastro porque está com um medo bobo", diz ela.
O gesto de Fernanda representa esperança para uma minoria dos pacientes que precisam de um transplante de medula. Hoje, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 60% dessas pessoas dependem de medulas doadas no exterior.
Luiz Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca, concorda com Fernanda. Para ele, ainda há desinformação sobre a importância das doações. Bouzas também diz que o Brasil ainda tem um número de centros de tratamento de medula óssea aquém do necessário.
"Para um país de 180 milhões de habitantes, teríamos que ter muito mais centros, mais leitos, mais recursos para o desenvolvimento dessa atividade. Ainda estamos realizando apenas um terço do que a gente deveria realizar", disse.
O diretor lembra que os pacientes no Brasil podem contar com um atendimento público no setor, o que considera positivo. "A maior parte dos centros que realizam transplantes são públicos, custeados pelo governo. Nos outros países isso não acontece, os centros são custeados por sistemas de seguro de saúde privado". Ele informa ainda que a França está entre os países que, como o Brasil, fazem o atendimento em instituições públicas, principalmente.
A discussão sobre a necessidade de ampliação das doações de medulas ósseas acontece no 1º Seminário Internacional sobre Registro de Doadores Voluntários para Transplante de Células Tronco Hematopoéticas. O encontro acontece no Inca e reúne pela primeira vez no Brasil representantes dos principais registros de doadores de medula óssea do mundo, que já contam mais de 10 milhões de cadastrados.