Setenta e três. Este é o número total, até o momento, de políticos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) por infidelidade partidária. O índice aumentou esta semana com a cassação de três vereadores que trocaram de partido. É um número tristemente considerável, já que ainda não chegamos aos trezentos processos julgados. Quase um quarto, portanto, dos processados acaba perdendo seus mandatos.
E não se pode reclamar da Justiça, pois a lei que regula a fidelidade partidária não é das mais complicadas, além de os políticos acusados terem a condição de alegar como motivos de troca de sigla a mudança ideológica e a perseguição, além – claro – da fusão de partidos. Quando estes motivos surgem, geralmente os políticos são absolvidos.
Mesmo assim, 73 ainda foram cassados. São ?homens públicos? que deixaram o partido nos quais foram eleitos para seguir para outra agremiação. Geralmente eles seguem o sabor dos ventos, encaminhando-se para sigla ou outra em busca de espaço, poder ou ambas as coisas. Acima do interesse da sociedade, para muitos políticos, existe apenas o interesse individual, que pode ser revertido em obras – que, claro, rendam dividendos eleitorais.
Não é à toa que os partidos que estão no poder ganham muitos afiliados em determinados períodos. Ter o comando do Executivo em todos os níveis (presidência da República, governos de estados e prefeituras) significa ter seu séquito aumentado magnificamente. Surgem dezenas, centenas de ?admiradores?, que aguardam como mimo espaços em segundos e terceiros escalões.
Cabe aos donos do poder não se empolgar com o excesso de súditos. Eles podem ir embora por causa de um voto, ou de um cargo não conseguido. A austeridade do poder público é decisiva para que não surjam bandos de ?maria-vai-com-as-outras?. Jogadas políticas com o Legislativo podem ser interessantes na hora da votação, mas podem ter preço alto.
E por isso é cada vez mais urgente a reforma política, com possível redução no número de partidos e regras ainda mais rígidas na fidelidade partidária. A lei é a grande arma para proteger a integridade do sistema político brasileiro.
