O Ministério da Saúde estima que 15 mil gestantes estejam infectadas pelo HIV e 60 mil com sífilis. Quanto mais cedo essas doenças são identificadas durante a gestação, maiores são as chances de evitar a transmissão para os bebês. Esse é o objetivo da campanha que o Ministério da Saúde começa a divulgar, a partir desta sexta-feira, em emissoras de rádio e televisão. A campanha inclui a distribuição de folhetos, cartazes e publicação em revistas, num investimento de R$ 4 milhões.

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No ano passado, mais de 4,6 mil nascimentos de bebês com sífilis foram notificados. Estima-se que esse número corresponda a apenas 30% do total de casos. Desde 1980, foram registrados 8,4 mil casos de aids em crianças com menos de cinco anos. Quando as gestantes recebem o tratamento adequado, que está disponível na rede pública de saúde, é quase zero a chance da mãe transmitir essas doenças ao filho.

A campanha vai incentivar as grávidas a exigirem o teste de aids e sífilis durante o pré-natal. Profissionais de saúde e gestores públicos também vão receber material informativo sobre a importância de se oferecer o teste às gestantes. "Essa campanha não é uma ação pontual. Nós vamos trabalhar tanto para fazer chegar às mulheres que é um direito delas exigir o teste quanto com médicos e gestores", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

As mensagens voltadas às gestantes reforçam o direito de mãe e bebê protegerem-se da sífilis e aids e terem acesso ao tratamento, quando necessário. Para os profissionais de saúde, a campanha destaca que é responsabilidade deles oferecer os exames durante o pré-natal. Os gestores de saúde receberão um folheto com informações sobre a campanha para que possam atuar conjuntamente com os profissionais de saúde, não permitindo que faltem testes e medicamentos.

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Se a gestante com sífilis não fizer o tratamento, a doença pode causar a morte do bebê em até 40% dos casos ou provocar danos, como surdez, má formação óssea e problemas neurológicos. No caso das grávidas soropositivas, o bebê pode nascer com o vírus HIV ou se infectar pelo aleitamento materno.

Com a campanha, que vai ser veiculada até 15 de dezembro, o Ministério da Saúde espera reduzir a quase zero a infecção de Aids em recém-nascidos e eliminar a transmissão de sífilis pelas mães até 2007. O lançamento da campanha antecipa as atividades do Dia Mundial de Luta contra a Aids, que acontece 1º de dezembro e vai ter como tema "Mulheres, Meninas, HIV e Aids".

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A campanha de rádio terá três propagandas diferentes: uma que será veiculada nacionalmente, a segunda, na região Norte; e a terceira, no Nordeste. Segundo o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer, essas duas regiões apresentam taxas de transmissão vertical (da mãe para o bebê) maiores do que o restante do país. Enquanto a média de transmissão vertical do país é de 3,7%, o Norte apresenta taxa próxima a 14% e o Nordeste, em torno de 11% a 12%. "Isso mostra a necessidade de uma estratégia especial, principalmente, em relação ao acesso ao diagnóstico", disse Chequer.