O líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), afirmou nesta terça-feira que a campanha eleitoral não será afetada pela descoberta do dossiê relativo aos candidatos do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, e ao governo de São Paulo, José Serra, e pela investigação que a Polícia Federal realiza sobre o assunto. O deputado defendeu, durante entrevista coletiva no salão Verde da Câmara, uma investigação rápida e completa do caso.

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Para Fontana, as perguntas que todos querem ver respondidas são: de onde saiu o dinheiro e por que os acusados teriam interesse no dossiê. Para ele, existem duas ilegalidades que precisam ser investigadas com o mesmo rigor: a compra do dossiê "com dinheiro de procedência escusa" e as ilegalidades apontadas no documento. O líder acrescentou que o PT está tranqüilo com a condução da campanha eleitoral. Em sua opinião, o dossiê não afetará o planejamento do partido.

Ministros na CPMI

Fontana disse que, se a palavra de Luiz Antonio Vedoin (empresário acusado de chefiar a chamada "máfia das ambulâncias") valeu para colocar sob investigação 82 parlamentares, precisa servir igualmente para investigar a gestão de José Serra no Ministério da Saúde e as ações de Abel Pereira, acusado de ser o operador financeiro do ex-ministro.

O deputado afirmou ter estranhado "a lentidão na investigação sobre o envolvimento dos ex-ministros citados por Vedoin" e defendeu o comparecimento de todos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas. "É bom que o ex-ministro Humberto Costa (do PT) venha esclarecer como desmontou a máfia das ambulâncias, montada no governo do PSDB e do PFL e investigada e desmontada no governo do presidente Lula", ressaltou.

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Em resposta a questionamento de jornalistas, o líder do PT afirmou não ter notado mudança no depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin em relação a José Serra. "Já sabíamos que 75% das ambulâncias foram fornecidas durante a gestão do PSDB/PFL. O Vedoin chegou a dizer que entregou 100 ambulâncias na véspera da eleição de 2002 só com o empenho, sem nem mesmo o pagamento", disse. "É evidente que a ilegalidade precisa ser rapidamente investigada", completou Fontana.

Dossiê Caymann

O presidente Lula, segundo Fontana, não tem o menor interesse em uma crise desse tipo neste momento, já que é o favorito nas pesquisas. "Por que um presidente que teve o dossiê Caymann em suas mãos quando estava perdendo uma eleição e não o usou usaria as informações de Vedoin neste momento em que está vencendo, segundo todas as pesquisas?", questionou Henrique Fontana.

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O dossiê Caymann, como ficou conhecido, reunia acusações contra o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e outros líderes de seu partido sobre supostas contas em paraíso fiscal. O documento foi oferecido em 1998 ao então candidato do PT e adversário de Fernando Henrique, Luiz Inácio Lula da Silva, que se recusou a utilizá-lo na campanha eleitoral.