Campanha da auto-suficiência do País em petróleo custará R$ 37 milhões

A campanha da Petrobras para comemorar a auto-suficiência do País em petróleo deve começar a ser veiculada em 22 de abril, data que marca o Descobrimento do Brasil, e custará à estatal R$ 37 milhões. Criada pelas agências de publicidade F/Nazca, Duda Propaganda e Quê, a campanha partirá da luta dos brasileiros nos anos 50 com a campanha "O petróleo é nosso" até a auto-suficiência nos dias de hoje.

Com a entrada em operação da P-50, plataforma da Bacia de Campos em abril, o País ampliará a produção em 180 mil barris/diários, atingindo 1,95 milhão de barris/diários, 50 mil barris acima do 1,9 milhão que o País deve consumir por dia este ano. Com isso, dirá a campanha, o País ficará mais imune a eventuais crises de petróleo.

É no dia 22 de abril, após um período de testes de produção, que a P-50 deverá ser inaugurada em grande evento. Nas peças da campanha publicitária, não há menção ou aparição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Elas seguem a mesma linha ufanista de quando a estatal comemorou 50 anos, em outubro de 2003.

Os planos da estatal, no entanto, podem ser ofuscados por decisão dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) em atender representação do senador José Jorge (PFL/PE) de investigar a renovação dos contratos da estatal com as agências de publicidade. Na realidade, o senador teme o uso político da campanha da estatal em ano eleitoral. Explica-se: apesar de ser empresa de capital misto, com ações nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York, o controle da Petrobras é estatal e, portanto a empresa está sujeita a esse tipo de investigação e à pressão dos governantes.

Nas peças da campanha, em nenhum momento a Petrobras tratará de preço do combustível para o consumidor, apenas dirá que ele agora conta com a garantia de abastecimento. Na opinião de especialistas, o maior impacto dessa conquista se dará na balança comercial do setor, que deixará de ser um peso para o País e já neste ano começará a registrar saldos positivos.

A Petrobras espera fechar 2006 com superávit comercial de US$ 3 bilhões em sua balança de petróleo e derivados, obtido a partir de um saldo líquido de exportações de cerca de 150 mil barris por dia. No ano passado, a empresa exportou 58 mil barris por dia a mais do que importou, mas teve déficit comercial de R$ 130 milhões porque compra produtos mais caros (diesel e petróleo leve) do que o petróleo que exporta.

Por isso, a prioridade a partir de agora é ampliar a capacidade de refino, principalmente no exterior. O objetivo é transformar o petróleo nacional – que custa US$ 10 a menos do que o Brent, usado como referência de preços – em derivados, tomando para si a margem de refino que hoje está no bolso de seus clientes. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que a empresa busca oportunidades de refino no exterior, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, o que ampliará ainda mais o lucro da estatal.

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