Camisetas anti-Lula são apreendidas em São Paulo

A Polícia Militar apreendeu na tarde da última terça-feira (24) camisetas com o desenho similar à de uma placa de proibido com uma mão com quatro dedos ao centro, em clara alusão à mão esquerda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dois ambulantes de Nova Iguaçu vendiam as camisetas por R$ 10 ou R$ 5 na Avenida Paulista quando foram abordados por dirigentes da Juventude Petista que distribuíam panfletos no metrô Trianon Masp.

"Eles só vendiam essas camisetas e faziam de forma bastante ostensiva a abordagem", relatou Ramon Szermeta. "Eles tinham um espírito bem militante. Mais que a ação de venda, era uma campanha", opinou Szermeta, um dos que foram reclamar da venda à polícia.

A PM atendeu aos militantes com base na decisão do ministro Marcelo Ribeiro, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibiu a distribuição e qualquer forma de veiculação de material alusivo à deficiência física do presidente Lula. Para o ministro, o uso da imagem pode configurar crime contra a honra relacionado com o processo eleitoral.

Na prática os vendedores não sofreram punição com a apreensão das camisetas. Foram interrogados no 78º DP, nos Jardins. Disseram que foram eles os autores dos desenhos e se negaram a revelar que empresa as confeccionou. O inquérito será encaminhado à Polícia Federal, que ouvirá os dois no Rio de Janeiro.

Os dois ambulantes, Leandro Feliciano de Assis e Alexandre da Silva, disseram que estão desde o dia 16 em São Paulo, na casa de um amigo e estimam que venderam 800 camisetas no período. Assis contou que oferecia a camiseta por R$ 10, mas baixava o preço para R$ 5 se o comprador pechinchasse. Tinha disponíveis dois modelos: um apenas com o desenho e outra com a frase "Tchau Lula! Mais 4 anos não".

Inicialmente, Assis disse que decidiu vir para São Paulo após o sucesso de vendas que a camiseta teria feito no Rio. "Vendia no Leblon, Ipanema e Copacabana." Após o depoimento na delegacia, mudou a versão. Disse que no Rio tinha camisetas pró e anti-Lula mas as últimas encalharam e decidiu vendê-las a preço de custo em São Paulo para evitar o prejuízo. "Sou ambulante, o que eu tiver para vender eu vendo", justificou Assis.

Além das camisetas, a dupla vendia também o ‘baralho do mensalão’, por R$ 5. "Diversão e educação, não vale roubar porque a próxima carta pode ser você", entoou Assis. Ele explicou que o baralho contém 54 cartas, 52 delas com imagens de políticos e dois curingas, "o povo brasileiro e o futuro presidente." Disse que retomaria hoje a venda do baralho.

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