O recente leilão de sete trechos de rodovias federais selecionados para a cobrança de pedágio, após a realização de investimentos maciços pelas empresas ganhadoras para a urgentíssima recuperação das condições de tráfego e segurança dos usuários, tarefa da qual o governo abdicou, tornando-se co-responsável pelas tragédias periodicamente registradas nas estradas brasileiras, como o caso recente de Santa Catarina, é também um libelo acusatório à exploração das tarifas cobradas atualmente, sobretudo, no Paraná.
É absolutamente límpida a conclusão, diante do deságio oferecido pelas empresas vencedoras do leilão sobre os valores máximos sugeridos nos editais, mesmo com a intenção revelada pelo governo de investir nos trechos leiloados parte dos recursos provenientes da Cide, que é possível respeitar a economia popular mediante a cobrança de preços justos pelos serviços ofertados.
Nesse sentido, merece aplauso a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), de reavaliar os contratos de privatização de rodovias federais celebrados no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Espera-se que a medida produza resultados positivos esperados há tanto tempo também em nosso Estado, onde as tarifas de pedágio estão entre as mais elevadas do País.
Sem a menor dúvida, o governo Lula tem muitas razões para festejar o êxito da privatização do primeiro lote de rodovias, cujos contratos terão a duração de 25 anos, devendo o reajuste das tarifas seguir o IPVA, o mecanismo de correção mais brando vigente na economia brasileira. Assim, o lulo-petismo não apenas está convencido, mas proclama esse descortino em alto e bom som, que convocar a iniciativa privada para suprir as deficiências do Estado, reservada a prerrogativa de aplicar os mecanismos burocráticos de fiscalização e defesa dos contribuintes, já não é mais encarado como rendição à força do capitalismo selvagem.
Por incrível que pareça, já na próxima campanha eleitoral, os petistas decerto irão bradar aos quatro ventos que a privatização de Lula foi mais eficiente que a do modelo derrotado em 2002, porquanto a bolsa dos usuários não está sendo escorchada. Se a assertiva é real, veremos nas eleições municipais do próximo ano.