Caminhos da sucessão

O governador Roberto Requião, cuja habilidade política, mesmo esnobada pelos adversários e não-simpatizantes dos métodos utilizados, está neste momento diante da situação que todo homem público deseja: observar a dificuldade que a oposição tem e terá até o final de junho para encontrar um candidato forte à sucessão estadual.

Com a opção do PDT pela candidatura própria à Presidência da República, indicando o senador Cristovam Buarque para a disputa, o senador Osmar Dias, que despontava como o nome mais promissor, graças ao apoio aberto das duas mais expressivas agremiações oposicionistas – PSDB e PFL -, tido como candidato preferencial do bloco, viu naufragar a possibilidade de sua candidatura, face ao instituto da verticalização, que obriga a repetição nos estados das alianças celebradas para a eleição nacional. Nesse caso, Osmar não poderá contar com o apoio decisivo da dupla compromissada com a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin.

Restaria à oposição cerrar fileiras em torno do também senador Alvaro Dias, irmão de Osmar, que até agora não demonstrou a mínima intenção de disputar mais uma vez o governo, preferindo pleitear votos para novo mandato de senador. Diante dessa leitura, passa a ter inegável fundamento a recente dissensão semeada no seio de uma oposição aparentemente desnorteada, pelas artes simplórias do deputado Dobrandino da Silva, principal operador político do governador na Assembléia Legislativa.

Pelos seus sonhos, tanto o PSDB quanto o PDT acabariam por compreender que não restará caminho melhor senão abraçar a candidatura de Requião, com a vice-governança oferecida aos tucanos. Não haveria dificuldade em remover os desníveis, pois o vice-governador Orlando Pessuti, que sempre manifestou a vontade de chegar ao Senado, está aprovado como conselheiro do Tribunal de Contas, guardando na manga para o momento oportuno o precioso trunfo.

Enquanto assiste à oposição enclausurada pela exigüidade do tempo necessário para referendar um acordo político com representação eleitoral, Requião se refestela também com a hipótese de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aniquilar a pouca resistência do PT paranaense em apoiar sua candidatura e, assim, liquidar a questão no primeiro turno. Aliás, um quadro que Lula pretende reproduzir na maioria dos estados, sobretudo onde são reduzidas as chances do PT ter bom desempenho eleitoral.

A seu favor o governador contabiliza a aprovação unânime do projeto de lei do salário mínimo regional, além de derrubar o projeto contra o nepotismo apresentado pelo petista Tadeu Veneri. Está em votação o piso social complementar dos servidores públicos estaduais, outro projeto a ser aprovado por unanimidade. Diz a propaganda oficial que o governo cortou o ICMS de milhares de micros e pequenas empresas e realizou o maior programa de obras públicas da história recente do Paraná. Um dos ícones, sem dúvida, é a reconstrução em ritmo frenético do elefante branco do Centro Cívico, obra abandonada desde o governo Richa, um indecente desperdício de recursos públicos que se arrastou por vinte anos. Sucessos que o governador apresentará em sua campanha eleitoral.

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