Caminhoneiros recebem orientação sobre combate à exploração sexual

Uma equipe da ONG Ciranda ? que trabalha na defesa dos direitos da criança e dos adolescentes ? esteve nesta segunda e terça-feira (17 e 18) no pátio de triagem do Porto de Paranaguá para conversar com os caminhoneiros. A abordagem faz parte do projeto ?Navegando nos Direitos?, que tem como objetivo sensibilizar e orientar os caminhoneiros para prevenir e combater casos de exploração sexual de crianças e adolescentes.

De acordo com Andressa Grilo, gestora do projeto, serão feitas abordagens no pátio todas as segundas e terças-feiras até o mês de setembro, totalizando 24 visitas. A meta é sensibilizar diretamente 1.100 caminhoneiros e 10 mil indiretamente. A intenção é formar multiplicadores de informação e não tratar o caminhoneiro como vilão. ?Nós realizamos uma espécie de reunião-relâmpago, falando sempre com pequenos grupos e entregando o guia da estrada, que contém informações relativas ao tema e também orientando o caminhoneiro para que ele saiba como agir quando testemunhar ou flagrar um caso de exploração sexual?, explica Andressa.

O caminhoneiro Valdenir Sares Camargo aprovou a ação da Ciranda. Para ele, a iniciativa pode estimular muitos caminhoneiros a pensarem duas vezes antes de sair com adolescentes. ?O assédio que a gente sofre é grande. Eu mesmo já fui procurado por meninas de 13, 14 anos. Mas eu, que tenho filhos, quando vejo uma situação deste tipo fico indignado porque penso que poderia ser a minha filha. Pena que nem todos pensem assim?, disse.

A psicóloga do projeto, Carla Antonievicz, participa das abordagens e conta que muitos caminhoneiros mostram-se resistentes num primeiro momento. ?Mas nós vamos chegando devagar, explicando que não estamos aqui para culpá-los e sim pedir um apoio para tentar acabar com os casos de exploração?, explica. Carla orienta que os caminhoneiros que testemunharem casos de exploração não façam uma abordagem na hora, por questão de segurança. ?Pedimos para que eles façam a denúncia pelo telefone, sem a necessidade de identificarem-se e garantindo sua segurança?.

José Eduzon Moreira, caminhoneiro há 40 anos, acredita que com o projeto muitos caminhoneiros vão se sentir mais seguros para denunciar. ?A falta de conhecimento faz com que a gente tenha medo de perseguição ou coisa parecida. Mas agora já deu para ver que é possível ajudar sem correr riscos?.

Para o administrador do Pátio de Triagem, Eduardo Reis, a iniciativa do projeto Navegando nos Direitos é importante. ?Tudo que agrega informação e contribui para o esclarecimento dos caminhoneiros é válido?, afirma. Reis explica que a Appa comandou um trabalho árduo por mais de dois anos que resultou na retirada das cantinas ilegais do pátio e que, durante a noite, fomentavam e estimulavam a prostituição no local. ?Hoje já não temos mais problemas deste tipo dentro do pátio e muitos caminhoneiros já sentem segurança de trazer a família para cá?, afirma.

O caminhoneiro Roberval Ferrari Maria é um bom exemplo disso. Acostumado a vir até o Porto de Paranaguá, ele nunca teve coragem de trazer a família. Mas depois da retirada das cantinas ilegais e com o fim da prostituição dentro do pátio de triagem, a situação mudou e pela primeira vez ele veio de Londrina com a mulher Vilma Aparecida Costa, e com os dois filhos, de seis anos e nove meses de idade. ?Hoje a situação é bem melhor no pátio. Antes não dava coragem de trazer a família?, afirma o caminhoneiro. A esposa Vilma também aprovou o clima no pátio e disse que não vai ter mais receios de acompanhar o marido nas viagens. ?A gente sabe que o problema da prostituição existe mas não é aqui dentro como ele contava e a gente via pela televisão?, afirma.

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