A reclamação dos usuários de pedágio no Paraná não se limita às tarifas. O preço – considerado abusivo por 93 % da população segundo a Paraná Pesquisas – não é o único motivo dos protestos dos motoristas. A condição das estradas pedagiadas também sofre duras críticas, principalmente, dos caminhoneiros. ?Os R$ 3 mil ou R$ 4 mil que chego a gastar por mês em pedágio eu não vejo em benefício na estrada?, revela Nelson da Silva, 56 anos, caminhoneiro há 34 anos.
?As estradas foram construídas e entregues prontas à iniciativa privada. Estão cobrando uma fortuna apenas para conservar e ainda assim encontramos trechos em estado muito ruim, como alguns entre Maringá e Ponta Grossa, trecho que percorro com freqüência?, enumera.
Outra reclamação de Silva é com relação à segurança da rodovia. ?Corremos perigo também viajando em pistas simples, trechos com subidas longas sem terceiras faixas e outros sem acostamento?, denuncia. ?Pelo tempo e valor de cobrança, já deveríamos ter pista dupla para trafegar até Maringá com mais tranqüilidade. Mas do jeito que as coisas caminham, e com a ganância dessas empresas, estarei aposentado antes que se duplique a rodovia?, completa.
Outra reclamação é quanto ao atendimento do socorro por parte das concessionárias. Airton Maroto que regularmente faz o trecho Foz do Iguaçu-Curitiba ficou sem atendimento do guincho por mais de quatro horas próxima a sexta praça na BR-277. ?Meu carro (um Santana) teve problema na bomba de gasolina. Esperei pelo reboque por mais de quatro horas e só fui auxiliado quando apelei para a seguradora do carro?.
Para Marcos Elzebino, 35, que faz seis ou sete viagens por dia entre Curitiba e Paranaguá, o valor pago em pedágio também não compensa a situação encontrada na rodovia. ?A duplicação já estava pronta antes da concessão. O que a gente vê é um ou outro serviço de conservação na pista?, afirma.
Geraldo Schiavo, 47, e Antônio Carlos Stafussa, 40, contam que as viagens longas, passando por diversos Estados são freqüentes. ?Agora mesmo estamos vindo de Cuiabá, no Mato Grosso, para Paranaguá?, diz Schiavo. O caminhoneiro afirma que fora do Paraná, em rodovias pedagiadas, não pegou tanta pista simples e insegura. ?Pegamos pedágio em São Paulo e não há comparação com relação à qualidade da estrada?.
Aqui no Paraná, completa Stafussa, ?estão cobrando pelo que não fizeram, pelo que já pagamos nos impostos e por benefícios que não vamos usufruir?.