Rio (AE) – A indústria farmacêutica deverá encerrar 2005 com volume de venda estável ante o ano passado, segundo a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma). No início do ano, a expectativa era de crescimento de 5%. Ainda assim, o ano não está sendo considerado ruim pelo setor, já que o resultado de 2004 foi elevado e o câmbio fraco reduz a pressão de custos dos laboratórios, que importam grande parte da matéria-prima.
Desde 1997, as vendas do setor vinha despencando sucessivamente, com um recuo de 1,85 bilhão de unidades ao ano para 1,497 bilhão em 2003 – no ano seguinte, o número subiu para 1,652 bilhão. O presidente da Febrafarma, Ciro Mortella, informa que até agosto o setor registra queda acumulada de 1,87% de volume de unidades vendidas, mas as vendas devem avançar até o fim do ano.
Como os últimos meses do ano geralmente são mais fortes, o executivo acredita que o balanço acabará se igualando ao de 2004. "Já na metade do ano começou a ficar claro que o melhor resultado que podia se esperar era um empate com relação ao ano anterior", comentou Mortella. Segundo o executivo, a massa de rendimentos e políticas públicas determinam o movimento do setor.
Para Fábio Silveira, da MS Consult, o desempenho do setor está sendo favorecido pelo real valorizado. Além disso, ele informa que a massa salarial cresce 4,4% no ano, o que tende a estimular as vendas. Segundo o representante da Febrafarma, esse crescimento não foi notado ainda e poderá se refletir até o fim do ano ou no ano que vem. Silveira também indica que o volume de unidades produzidas cresce acima de 10% no ano, com base em dados do IBGE
De janeiro a agosto, os dados compilados pela Febrafarma mostram que as importações do setor farmacêutico cresceram 12 41% e que as exportações avançaram 32,72%, ante o mesmo período no ano anterior. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em meados do ano mostrou que 75% dos laboratórios pesquisados admitiam a perspectiva de aumentar suas importações no horizonte de seis meses.
O setor, que tradicionalmente tem uma balança de comércio negativa, já acumula déficit de US$ 1 bilhão nos primeiros oito meses do ano, 7,7% acima do mesmo período do ano anterior. Mortella explicou que o dólar fraco reduz a pressão de custos sobre o setor. Ele argumenta que no País os preços estão sujeitos ao controle do governo e que o setor sente menos quando o câmbio está com trajetória de estável para descendente.
Este ano, o reajuste concedido pelo governo para o setor ficou, na média, em torno de 5,5%, segundo a Febrafarma. Um estudo encomendado pela entidade à Fundação Getúlio Vargas (FGV) concluiu que houve "visível descapitalização" do setor farmacêutico no período de regulação de preços e que nos últimos cinco anos os preços médios de venda não tiveram reajustes necessários para "comportar os aumentos ocorridos nos custos".