O processo de cassação dos 67 deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas por suspeita de envolvimento com o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras começa a avançar nesta segunda-feira (4), com o sorteio dos relatores de cada caso no Conselho de Ética. O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse que alguns relatores serão responsáveis por mais de uma investigação. O conselho tem 30 integrantes, entre titulares e suplentes, mas o presidente do conselho e o corregedor da Câmara integrante permanente, não podem atuar como relatores.

continua após a publicidade

Izar explicou que optou pelo sorteio para fugir das pressões dos denunciados. "A pressão começou toda de novo. Com o sorteio, não vão poder dizer que escolhi um relator bonzinho para um e mais severo para outro", afirmou. O relator não pode ser do mesmo Estado nem do mesmo partido do investigado.

Esta semana haverá um esforço concentrado dos funcionários do conselho para notificar os parlamentares, que passam a ter o prazo de cinco sessões ordinárias para apresentar defesa e indicar as testemunhas. Os deputados investigados foram citados pelos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da empresa Planam (uma espécie de quartel-general das fraudes), como integrantes do esquema das ambulâncias superfaturadas. Segundo os Vedoin, os parlamentares recebiam propina para apresentar emendas que permitissem a venda das ambulâncias para prefeituras em licitações fraudadas.

Fraude 

continua após a publicidade

A fraude passou a ser investigada no Congresso depois que, em maio, a Operação Sanguessuga da Polícia Federal prendeu 47 acusados. A PF estima que a quadrilha tenha movimentado R$ 110 milhões desde 2001.

Segundo Izar, o Tribunal de Contas da União (TCU) fará uma auditoria em todas as emendas orçamentárias dos relatores dos processos de cassação. "Não quero que fiquem dúvidas sobre a isenção dos deputados para relatar os processos. Minhas emendas já foram todas analisadas pelo TCU e vou recomendar aos relatores que também enviem as suas emendas para análise", disse ele.

continua após a publicidade

O presidente do conselho chegou a ser incluído por Luiz Antônio Vedoin na lista dos integrantes da máfia dos sanguessugas, mas o empresário voltou atrás e pediu desculpas. Izar negou qualquer envolvimento com o escândalo e disse, na época, que Vedoin tentava "desestabilizar" o trabalho do conselho.