Brasília – Os deputados amanhecem amanhã (28) mais ricos. A Câmara depositará nas contas bancárias deles a primeira parcela da convocação extraordinária, no valor de R$ 12.847,00. O dinheiro beneficiará 485 dos 513 deputados, uma vez que 28 decidiram devolver o dinheiro aos cofres públicos.
Esse salário extra equivale aos 12 primeiros dias de convocação e terá direito ao benefício mesmo quem não compareceu ao trabalho – a grande maioria. O Senado só pagará em 12 de janeiro, e até agora quatro senadores entregaram ofício abrindo mão do salário.
O Congresso está convocado, extraordinariamente, desde o dia 16, mas até hoje muitos parlamentares continuam em férias. O maior movimento de políticos da semana passada ocorreu na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, com a divulgação do relatório parcial do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Hoje, foi a vez da Comissão Mista de Orçamento, que, pela primeira vez, se reuniu para iniciar a discussão dos pareceres setoriais. A Comissão Representativa também conseguiu aprovar, na semana passada, créditos especiais de autoria do governo no valor de R$ 18 bilhões. Foram essas as atividades dos parlamentares até agora.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o principal motivo da convocação extraordinária, só retomará as atividades dia 9. Os senadores da CPI dos Bingos adotaram um comportamento inédito: apesar de convocados, permaneceram nos Estados, mas mandaram assessores acompanhar hoje o depoimento do presidente da Gtech, Fernando Antônio de Castro Cardoso, na Polícia Federal (PF).
Os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também continuam fora de Brasília, apesar da assinatura do ato de convocação, que terminará apenas em 14 de fevereiro. Até dia 15, os parlamentares podem faltar à vontade, sem o risco de perder salário, pois não há controle de presença. Isso só acontecerá a partir do dia 16, quando os plenários da Câmara e Senado estarão abertos para votações.
Dos 28 deputados que abriram mão dos salário extra de R$ 12.847,00, sete informaram a decisão de repassar os recursos para entidades de caridade. O deputado Luciano Zica (PT-SP), por exemplo, doará o dinheiro para a Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Craniofacial (Sobrapar). O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) – apesar de ser um dos mais assíduos – autorizou a doação para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Agudos do Sul (PR). O mesmo ocorreu com o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que repassou o dinheiro para a Casa dos Velhinhos de Ondina Lobos (SP).
Os deputados Raul Jungman (PPS-PE) e Luciana Genro (Psol-RS) também abriram mão do salário extra, mas os pedidos não chegaram a tempo e o dinheiro foi depositado nas contas deles. Jungmann e Luciana devolverão à Câmara. Entre os 81 senadores, quatro também decidiram não receber a convocação: Serys Slhessarenko (PT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Cristóvam Buarque (PT-DF) e Eduardo Suplicy (PT-SP).