Após agressão a vereadora

Câmara decide semana que vem o que fará com Galdino

Foto: Gabriel Rosa/SMCS
Foto: Gabriel Rosa/SMCS

O presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Ailton Araújo (PSC), informou à Tribuna que até terça-feira (20) terá a definição de qual caminho será seguido pela Casa em relação ao caso de agressão da vereadora Carla Pimentel (PSC) pelo vereador Professor Galdino (PSDB). Na última quarta-feira (14), ele foi conduzido à Delegacia da Mulher, onde assinou um termo circunstanciado. Acusado de agressão física e sexual por Carla e outros vereadores que prestaram depoimento, o tucano vai responder em um juizado especial pelas contravenções “vias de fato” e “importunação ofensiva ao pudor”.

Na manhã desta quinta-feira (15), a secretária municipal da Mulher, Roseli Isidoro, entregou um ofício a Araújo pedindo informações sobre as medidas que serão tomadas pela instituição em relação ao caso de agressão. Ela entregou uma nota de repúdio à agressão contra a vereadora, que também participou do encontro. Carla pediu pressa na apuração da denúncia de quebra de decoro parlamentar pelo tucano.

De acordo com Carla, a intenção é fazer com que o episódio não caia no esquecimento. “Se mantivermos os trâmites como eles são, sem que seja tomada certa celeridade no caso, é possível que acabe o mandato do vereador e ele não seja julgado. Por isso, pedimos a atenção maior. Sei que não sou a primeira, mas eu quero ser a última vitima dele”, desabafou. A vereadora disse que iria formalizar uma representação no Legislativo, pedindo celeridade e providências. “Nesse oficio, a representação, incluímos o boletim de ocorrência e os depoimentos dos vereadores que estavam presentes”, explicou.

Três alternativas

O presidente da Câmara prometeu avaliar, junto com a mesa executiva, como será a sequência do processo. “Podemos enviar diretamente para a corregedoria, mandar para a comissão de ética ou levar para plenário para ver se o plenário recebe ou não a denúncia”, esclareceu.

Caso seja levado para plenário, e os vereadores recebam a denúncia, a Câmara vai eleger uma comissão de ética. “Essa comissão, feita por sorteio, vai nomear três vereadores para que eles apurem o fato como um todo. Galdino vai ter um prazo para uma defesa prévia e depois os vereadores da comissão vão definir se arquivam ou dão prosseguimento ao caso”.

Em plenário, os outros vereadores aprovarão, ou não, a decisão da comissão de ética e, caso se decida por dar sequência à apuração, Galdino terá um novo prazo, de dez dias, para a defesa final e as investigações continuam até a decisão da medida que será tomada contra o vereador. Se confirmada a quebra de decoro, o Regimento Interno da Câmara prevê censura pública, suspensão temporária do mandato ou a perda do mandato.

Não iremos além, nem ficaremos aquém. Não deixaremos que as coisas fiquem impunes, caso sejam comprovadas”, declarou Araújo.

“Risco para as mulheres”

Carla Pimentel disse que ainda continua bastante abalada com o que aconteceu, mas se mantém forte para não desistir de ver a Justiça ser feita. “Saí da delegacia com uma sensação de impunidade, até pela forma debochada que ele (Galdino) age. Isso fez com que ele mesmo desconsiderasse a polícia, as pessoas, e todos os envolvidos, mas acredito muito no Ministério Público do Paraná e entendo que a Justiça vai ser feita”. Para a vereadora, o caso não vai ficar impune. “Nós sabemos que ele causa risco para as mulheres do parlamento e, agora, para a convivência na Câmara Municipal. O que me apavora, hoje, é ter que conviver com um agressor, mas esperamos e confiamos que vai existir algum tipo de punição”.

A vereadora divulgou em seu perfil no Facebook o depoimento prestado na última quarta-feira (14) na Delegacia da Mulher.

“Teatro armado”

Depois do episódio, já na saída da delegacia, Galdino acusou Carla Pimentel e os outros vereadores que presenciaram o incidente de armarem “um teatro” para ganhar mídia. Segundo o vereador, que não é candidato à reeleição, o motivo seria porque eles não estariam ganhando votos suficientes em campanha. “Mas com o tempo tudo isso vai ser esclarecido. No final, nós vamos ganhar de novo essa nova batalha”, disse. Galdino ainda incitou as testemunhas a provarem a acusação. “Eles falaram que têm vídeo e áudio (do ocorrido). Então que mostrem o vídeo e o áudio”, provocou.

A assessoria de Galdino informou que a advogada dele entregaria um vídeo ao Ministério Público na tarde hoje, em defesa dele. As imagens mostrariam a vereadora Carla logo após a discussão “circulando pelo plenário extremamente calma”. Segundo a assessoria, “a calma dela sinaliza que nada aconteceu”.

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