A definição dos salários dos deputados e senadores ficou para o ano que vem. Em reuniões hoje (20), os líderes partidários e o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), tentaram, sem sucesso, chegar a um entendimento sobre o valor dos vencimentos dos parlamentares na próxima legislatura, mas as matérias acabaram retiradas da pauta de votações na sessão noturna.
Além das discussões sobre o salário, duas outras matérias foram debatidas: fim da verba indenizatória de R$ 15 mil a que cada parlamentar tem direito, para despesas com pagamento de aluguel de escritório, combustíveis, alimentação, entre outras; e o fim do 14º e do 15º salários pagos aos parlamentares no inicio e no final de cada ano legislativo.
O presidente da Câmara colocou na pauta de votações os projetos de decreto legislativo que acabam com a verba indenizatória e com os dois salários extras, mas não incluiu o projeto que trata do reajuste. Para que o aumento salarial fosse colocado na pauta era necessária a apresentação de requerimento de urgência com a assinatura de no minimo 257 deputados ou de líderes que representem esse total.
Líderes do PP, PTB, PSB, PPS e de outros partidos apresentaram o requerimento para retirada dos dois projetos da pauta e depois de horas de discussão, os deputados aprovaram e transferiram para os parlamentares da próxima legislatura a decisão sobre essas proposições e sobre o reajuste dos salários.
Muitos parlamentares comemoraram o adiamento, como o vice-líder do PV, Fernando Gabeira (RJ), para quem "a decisão foi sensata". Ele defendeu a criação de uma comissão para discutir as matérias e também a consulta a sociedade: "O adiamento foi a melhor forma de conduzir o processo".
Para o vice-líder do PPS, deputado Raul Jungmann (PE), os salários estão congelados e o aumento de 90,7%, "enterrado definitivamente". Ele acrescentou: "Aqui prevaleceu o bom senso, a vontade popular. A demonstração de indignação da cidadania, de forma pacífica e ordeira, foi fundamental para trazer essa Casa de volta ao bom senso".