Em São Paulo, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou hoje que a crise política enfrentada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era anunciada desde o 2004 e resulta de dificuldades na formação da coalizão política da base aliada e do abandono, pela administração federal, do projeto de adoção de uma agenda para o País. Calheiros almoçou na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio).
"O governo, nos primeiros dois anos, tinha adotado as reformas como prioridade da agenda. Do segundo ano de mandato para cá, porém, não tem mais diretriz. Em vez de pautar a sociedade, o Congresso e a imprensa, passou a ser pautado", afirmou.
"A crise era mais ou menos prenunciada e só faltava um fato", disse. Segundo ele, o acordo com torno do Poder Executivo é "complicado" por não haver "fundamento político e programático para essa coalizão".
"Então, fica parecendo uma coisa meio fisiológica, clientelista e oportunista. Isso sempre tem como conseqüência uma crise", argumentou.
De acordo com Calheiros, faltou aos partidos da aliança formarem uma agenda para o País, como, por exemplo, a conclusão das reformas tributária e do Judiciário e a diminuição da quantidade de medidas provisórias (MPs), que travam a pauta do Legislativo.
O presidente do Congresso citou ainda a urgência do País em discutir a aplicação de uma reforma política. Calheiros sugeriu que a Câmara dos Deputados apresse a análise do texto da reforma aprovado pelo Senado.
Para a eleição de 2004, o presidente do Congresso afirma entender ser possível adotar três regras fundamentais: fidelidade partidária por, no mínimo, quatro anos; federação de partidos, assegurando assim a instituição das cláusulas de barreira, e suspensão da verticalização das coligações partidárias em âmbito federal e estadual.
"Precisamos da reforma sistêmica, mesmo que fatiada, se essa for a condição necessária para começarmos a aprová-la, imediatamente", disse.
