A Secretaria de Saúde de Santa Catarina está trabalhando com a estimativa de que cerca de 50 mil pessoas podem ter contraído a doença de Chagas após consumirem caldo de cana em quiosques às margens da BR-101, entre os municípios de Piçarras e Itajaí. Por enquanto, a doença matou três pessoas, há 19 doentes, 12 casos suspeitos e três mortes suspeitas.
"As secretarias municipais de saúde estão sendo mobilizadas para fazer o teste, a partir de segunda-feira. Estamos recebendo 40 mil kits do Ministério da Saúde", disse hoje o diretor da Vigilância Epidemiológica do Estado, Luiz Antonio Silva. Segundo ele, no momento não existe estrutura suficiente para atender à demanda.
Turistas
Silva disse também que não é possível determinar a quantidade de pessoas de outros Estados que podem estar com a doença, pois o período em que foi servido o caldo de cana contaminado coincidiu com um grande movimento de turistas na BR-101. A recomendação é de que as pessoas que consumiram caldo de cana na região em fevereiro procurem com urgência o serviço de saúde de suas cidades se estiverem com febre, mal-estar, falta de apetite, inchaço nas pálpebras e distúrbios cardíacos.
A doença de Chagas, em sua forma aguda, pode matar. Caso tenham tomado a bebida, mas não apresentam sintomas, também devem fazer os exames para garantir que não foram infectados. As drogas existentes só são eficazes na fase inicial da doença.
Desde o início da semana, técnicos da Vigilância Epidemiológica e do Ministério da Saúde, além de outros órgãos, investigam a origem da cana de açúcar contaminada. Ele também estão fazendo trabalho de campo para descobrir focos de barbeiro o inseto transmissor da doença. Além disso, a Vigilância Sanitária está interditando todos os pontos de venda de caldo de cana, que está proibida em todo o Estado.
O vice-presidente da Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, Claudir Maciel (PPS), foi uma das vítimas do caldo de cana. Ele estava se sentindo mal desde a sexta-feira e foi internado na madrugada de terça-feira no Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, onde há cinco internados. De acordo com o plantão médico, quatro pacientes já saíram da terapia intensiva e o quadro clínico evolui de forma lenta, mas estão estáveis, apesar das alterações hepáticas. Até o momento, foram confirmados 19 casos de doença de Chagas provocados pelo caldo de cana.
Em Jonville, a Secretaria Municipal de Saúde está credenciando os laboratórios da cidade que vão fazer os exames para identificação da doença de Chagas. Uma força-tarefa vai traçar estratégias para coleta de sangue, diagnóstico e tratamento dos casos confirmados. "A prioridade será para os pacientes sintomáticos", informou Luiz Henrique de Melo, médico infectologista e coordenador da força-tarefa. Seis casos foram confirmados na cidade, com uma morte. Cinco pessoas permanecem internadas e uma continua em estado grave