Cálculo do IPCA vai aumentar peso de gasolina, internet e celular

Rio – Os hábitos dos consumidores mudaram e a inflação oficial do País vai refletir essas transformações a partir de 2006. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para as metas de inflação do governo, vai computar, a partir de julho, os gastos com internet, até hoje fora do cálculo. Vários itens importantes nas despesas das famílias vão ter o peso sobre a taxa alterado.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou hoje (22) que a gasolina passará ao primeiro lugar no ranking dos pesos no IPCA, enquanto os ônibus urbanos perdem a liderança e caem para o quinto lugar. As mudanças de pesos, que vão definir as ponderações de cada reajuste no cálculo médio final dos preços, refletem importantes transformações no cotidiano dos brasileiros nos últimos anos.

Atualmente, o IPCA é calculado com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do próprio IBGE, referente ao período 1995-1996. A partir de julho do ano que vem, a base será a POF 2002-2003, que mostrou, por exemplo, o efeito das campanhas antitabagistas, que reduziram o peso dos cigarros no total do índice de 1,21% para 0,78%.

Eulina Nunes dos Santos, gerente do Sistema de Índices de Preços, explica que o número de itens investigados caiu de 512 na ponderação atual do IPCA para 386 na nova ponderação, com o objetivo de tornar a estrutura de cálculo "mais enxuta". Entre as mudanças definidas, há casos curiosos como o da internet, que não era pesquisada e agora entrará no cálculo da taxa, com peso de 0,13%. Além disso, vão aumentar significativamente os pesos de microcomputadores (de 0,18% na ponderação atual para 0,50%), TV a cabo (de 0,02% para 0,40%), aparelho celular (de 0,01% para 0,43%) e serviços bancários (de 0,04% para 0,69%).

Eulina explica que essas transformações não significam aumento ou queda na inflação a ser apurada, já que tudo dependerá de quais itens estarão pressionando a taxa em determinado mês. Se houver pressão muito concentrada da gasolina por exemplo, o IPCA será maior do que atualmente, mas se os ônibus urbanos apresentarem os principais reajustes a tendência é de um índice menor.

O certo é que reajustes nos preços dos combustíveis terão mais impacto sobre o IPCA por causa do maior peso da gasolina. O item, que tem peso de 4,41% na ponderação atual, passará corresponder a 5,01%. Segundo Eulina, essa mudança ocorreu porque a POF 2002/2003 incorporou naquele momento a transferência forte que houve do consumo de álcool para a gasolina.

Segundo ela, na POF anterior (1995/1996) a gasolina dividia com o álcool a preferência dos consumidores, o que não ocorria na pesquisa mais recente. Por outro lado, ela associa a queda nos pesos dos ônibus urbanos (5,18% para 3,32%) à maior utilização de vans como alternativa de transporte nas regiões metropolitanas no período de apuração da última POF. Segundo ela houve um efeito de preço (as vans tinham tarifas mais baratas) que resultou na perda de peso dos ônibus urbanos.

Outro efeito importante na mudança de hábito dos consumidores ocorreu na energia elétrica residencial, cujo peso recuará de 4,72% para 3,40%. Segundo Eulina, o racionamento de energia em 2001 criou um comportamento muito mais econômico da população, além da produção de eletrodomésticos de baixo consumo energético.

Entre os grandes grupos que compõem o IPCA, a maior elevação de peso ocorrerá em comunicação (4,02% para 5,84%) – com o maior importância de itens como TV a cabo e celular. A principal queda será no grupo transportes (de 22,35% para 20 79%), com a perda de posição dos ônibus urbanos.

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