Cálculo do IPCA muda para captar gastos com telefonia

Rio (AE) – A expansão da telefonia celular e o aumento do acesso a telefones fixos vão mudar, a partir do ano que vem, o cálculo da inflação apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Com a nova base de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002-2003, os técnicos do instituto irão reduzir o peso do item alimentação e elevar o impacto dos gastos com telefone no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para as metas de inflação do governo.

O IBGE está preparando a nova estrutura de ponderação, que espelha as mudanças estruturais nas despesas das famílias brasileiras. A nova base substitui a atual referência do levantamento, relativo à POF 1995-1996. O IPCA calculado a partir da nova estrutura será divulgado a partir de agosto do próximo ano, quando serão apresentados os resultados da inflação de julho, que já será pesquisada de acordo com as novas ponderações.

A série histórica, ou seja, as taxas inflacionárias divulgadas até essa data não vão sofrer interrupção, adiantou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Marcia Quintslr. Como a série será mantida , será possível continuar comparando a evolução da inflação, independente da alteração.

O detalhamento de todas as mudanças será apresentado pelo instituto no dia 22 de dezembro. Entre as principais alterações, no caso de Alimentação e Bebidas, o peso no índice era de 24,15%, de acordo com a POF 1995-1996. A partir da taxa a ser divulgada em agosto do ano que vem, esse peso cairá para 22 14% (de acordo com a nova POF). Segundo Marcia, os preços dos alimentos têm variado abaixo da inflação, o que pode explicar essa queda. No grupo Comunicação, o peso sobe de 2,10%para 5,85% na nova ponderação. O aumento ocorreu por causa do maior acesso da população aos serviços de telefonia, com expansão dos serviços fixos e celulares, e aos aumentos de preços desses serviços nos últimos anos.

O peso da Habitação será reduzido (15,39% para 13,28%), o que é atribuído à quase estabilidade nos preços dos aluguéis. Nos demais grandes grupos, são as seguintes as bases de preços atuais e as novas, respectivamente: Artigos de Residência (6,78% para 5,48%); Vestuário (6,55% para 6,17%); Transportes (19,10% para 20,79%,); Saúde e Cuidados Pessoais (10,46% para 10,51%); Despesas Pessoais (10,63% para 9,23%) e Educação (4,84% para 6 55%).

Marcia adiantou ainda que a atualização das estruturas de ponderação do IPCA vai reduzir dos atuais 512 para 390 os subitens listados para o cálculo da taxa. Não sofrerão nenhuma mudança, por enquanto, o número de 11 regiões investigadas e o universo do rendimento das famílias pesquisadas, entre 1 e 40 salários mínimos.

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