A documentação apreendida em janeiro do ano passado pela Polícia Federal (PF) durante a chamada "Operação Fanta" poderá ser aberta pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a qualquer momento. Os documentos comprovariam a prática de cartel por produtoras de suco de laranja.
No dia 28, a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo, Consuelo Yoshida, indeferiu o ato suspensivo que havia impedido o acesso ao material, que foi obtido em quatro processadoras de citros e uma entidade do setor.
A operação foi motivada por indícios de formação de cartel por parte da Cutrale, Coimbra, Citrovita e Montecitrus, além da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), representante das indústrias, a partir de 2000.
A PF, segundo o advogado da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Luiz Régis Galvão Filho, fez um acordo de leniência com o ex-diretor de uma das empresas, cujo nome é mantido em sigilo, e montou operação. Agentes da Receita Federal, Cade e SDE também participaram, apreendendo grande quantidade de documentos.
Na ocasião, as empresas e a entidade entraram com recurso, obtendo decisão judicial que pedia a análise do material por parte do Cade e da SDE. A decisão da desembargadora, no entanto, retira o sigilo dessa documentação.
A reportagem procurou a Abecitrus, mas não teve retorno. Já a assessoria da Cutrale, a maior das chamadas "4 Cs" (as grandes processadoras de suco do País), informou que a empresa não tem nada de oficial a respeito do assunto.