Cerca de dez policiais federais estiveram nesta quarta-feira (21) em Avaí, no interior de São Paulo, onde três funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram rendidos terça à noite por índios da reserva Araribá, durante protesto contra a mudança do escritório da fundação em Bauru para Itanhaém, no litoral paulista. O cacique terena da Aldeia Tereguá, Anildo Lulu, disse que os três não tinham sofrido qualquer agressão. "Não vamos liberar enquanto não tivermos uma resposta de Brasília, queremos tentar evitar um confronto", afirmou Lulu, que considerou "tenso" o encontro com os policiais.
"Estamos preparados para a luta, não temos medo de morrer", emendou Lulu, procurando demonstrar força. Dezenas de índios estavam com as faces pintadas com urucum e barro preto, preparados para a guerra. Suas armas eram arco e flecha e rústicas bordunas, espécies de cacetetes resistentes feitos de aroeira.
O cacique levou o delegado Fernando Amaral para visitar os reféns numa das quatro aldeias. Amaral foi ao local para preservar a segurança dos funcionários. Segundo o delegado Antonio Vaz de Oliveira, chefe da unidade em Bauru, a PF trata o caso como cárcere privado. "Os funcionários estão retidos e é desaconselhado ficar ali, criando um clima de animosidade e possível confronto, evitando um mal maior", disse Vaz, que vai instaurar inquérito para o caso. "Não temos com o que negociar, pois a reivindicação é com a Funai de Brasília", comentou Vaz.
A reivindicação dos índios começou terça pela manhã, quando, durante três horas, cerca de 200 índios interromperam o tráfego da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), que liga Bauru a Marília, nos dois sentidos. Depois, eles fizeram quatro funcionários reféns – um deles foi liberado na madrugada de quarta. Três são índios. Um deles trabalha e mora a poucos metros do local.